INFORME ENSP

Já está disponível on-line o volume 29, fascículo 8, da revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP. O editorial, redigido pela pesquisadora da Escola Célia Almeida, recorda a vida e a carreira do sanitarista Sergio Arouca, que faleceu há dez anos e foi tema da semana dos 59 anos da ENSP, comemorados no início de setembro. A seção Perspectivas traz um texto de Evandro Silva Freire Coutinho (ENSP) e Ivan Figueira (UFRJ) sobre o atendimento psicológico às vítimas de catástrofes. Confira, ainda, as demais participações de outros pesquisadores da instituição em diversos artigos.

"Por que recordar Sergio Arouca?" é o título do editorial de Célia Almeida (ENSP). A pesquisadora resgata a importância do médico sanitarista, militante político e líder incontestável na formulação do conceito de saúde coletiva e na reforma sanitária brasileira, sobretudo para aqueles que não o conheceram. “O que diria Arouca sobre a situação do SUS nos seus 25 anos? Sobre o desprestígio dos partidos e da política? Sobre o clamor legítimo, intenso, disperso ou violento das ruas? Impossível saber, mas sua trajetória certamente pode nos inspirar”, argumenta Célia.

Na seção Perspectivas, os pesquisadores Evandro Silva Freire Coutinho (ENSP) e Ivan Figueira (UFRJ) questionam: "Atendimento psicológico às vítimas de catástrofes: estamos fazendo bem?". No texto, explicam os autores, "muitos cientistas têm previsto um aumento na ocorrência de desastres climáticos em virtude do processo de aquecimento global. Diante do limitado conhecimento sobre os benefícios e segurança dessas ações, em especial daquelas mais imediatas, é preciso que se conduzam estudos para avaliar as consequências de intervenções dirigidas às pessoas envolvidas (vítimas e familiares) em eventos coletivos como enchentes, incêndios de grandes proporções, acidentes aéreos". Para eles, esses estudos devem buscar a identificação de fatores de risco e de resiliência, bem como a avaliação sistemática e estruturada da efetividade de intervenções em curto, médio e longo prazos.

"Aqui ninguém domina ninguém: sentidos do trabalho e produção de saúde para trabalhadores de assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra" é o título do artigo de Júlio César Borges dos Santos (ENSP) e Élida Azevedo Hennington (Ipec/Fiocruz), que discute os resultados parciais da pesquisa qualitativa que visou analisar os modos de vida e significados atribuídos por assentados do MST. O estudo foi realizado em assentamento rural ligado ao movimento em Campos dos Goytacazes (RJ). "Embora considerado desgastante, o trabalho rural e os modos de vida no assentamento configuram para essa comunidade possibilidades de produção de saúde e de resistência ao modelo hegemônico do agronegócio", concluem.

Beatriz Fátima Alves de Oliveira, Dennys de Souza Mourão e Sandra S. Hacon (ENSP); Núbia Gomes, Janaina Mara C. Costa, Andreia Vasconcelos de Souza e Wanderley Rodrigues Bastos (UFRO); Marlon de Freitas Fonseca (IFF/Fiocruz); e Carolina Fiorillo Mariani e Guilherme Abbad (Santo Antônio Energia S/A) são os autores do artigo "Prevalência de hipertensão arterial em comunidades ribeirinhas do Rio Madeira, Amazônia Ocidental Brasileira". O estudo buscou estimar a prevalência de hipertensão em 841 adultos residentes em regiões próximas à usina hidrelétrica Santo Antônio, após o início de sua operação. Entre os ribeirinhos, 26% dos adultos apresentaram hipertensão: 29% entre os homens e 23% entre as mulheres. Nos homens, os fatores associados à hipertensão foram idade, IMC, glicemia e local de residência. Entre as mulheres, os fatores preditivos foram idade, triglicerídeos e glicemia. "Os resultados deste estudo podem contribuir com a formulação de estratégias de monitoramento para prevenção de eventos cardiovasculares por parte dos órgãos de saúde estadual e municipal", afirmam.

O último artigo com participação de pesquisadores da ENSP nesse volume é "Acesso à assistência pré-natal: avaliação da adequação por diferentes índices". De autoria de Edson Theodoro dos Santos Neto, Adauto Emmerich Oliveira e Eliana Zandonade (Ufes) e Maria do Carmo Leal (ENSP), o trabalho compara a avaliação da adequação do acesso à assistência pré-natal por diferentes índices. As informações foram obtidas de 1.006 formulários de pesquisa, cartões de gestantes e prontuários médicos de puérperas, que se internaram por ocasião do parto em maternidades da Região Metropolitana da Grande Vitória (ES), no período de abril a setembro de 2010. A maior prevalência de adequação foi encontrada pelo índice Takeda (55,8%). A maior concordância ocorreu entre os índices de Villar et al. e Rosen et al. (kappa ajustado = 0,84). Os autores concluíram que o índice de Carvalho e Novaes e o índice do Ministério da Saúde do Brasil são relevantes para avaliar a adequação do acesso à assistência pré-natal.

Confira aqui a íntegra do volume 29, fascículo 8, da revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP.