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Homenagem a Arouca marca aniversário da ENSP

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Publicado em:04/09/2013

Tatiane Vargas

A emoção tomou conta do auditório da Escola Nacional de Saúde Pública na abertura da semana comemorativa dos 59 anos da ENSP. A Semana Sergio Arouca teve início com uma bela homenagem a um dos maiores ícones da saúde pública brasileira: o sanitarista Sergio Arouca. A ocasião foi marcada por muitos agradecimentos e admiração de diversos pesquisadores da área que conviveram e ajudaram Arouca a construir o Sistema Único de Saúde. A cerimônia contou com a participação do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, do diretor da ENSP, Hermano Castro, e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), Paulo Garrido. Além de Sergio Arouca, foram homenageados a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) pelo importante papel no movimento sanitário brasileiro.
 

Homenagem a Arouca marca aniversário da ENSP


As homenagens começaram com a apresentação do vídeo O pensamento crítico de Sergio Arouca, produzido pelo Canal Saúde. O vídeo, que emocionou os presentes, trouxe discursos e momentos históricos da militância de Arouca na luta pela Reforma Sanitária brasileira. Frases emblemáticas do sanitarista mostraram mais uma vez que, mesmo após dez anos de sua ausência, seu discurso continua mais vivo que nunca. “O maior inimigo do pensamento autoritário é o pensamento crítico. Saúde é o resultado do desenvolvimento econômico-social justo. O projeto da Reforma Sanitária brasileira é, acima de tudo, um projeto que quer a melhoria da qualidade de vida da população”, foram algumas das frases de Arouca citadas no vídeo.

Após a exibição do filme, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, lembrou de significativos momentos ao lado de Sergio Arouca. Para o presidente, esses dez anos da ausência de Arouca também representaram dez anos de um país que sofreu transformações imensas. Gadelha citou que, durante esse período, houve a possibilidade de se reverter uma série de situações do projeto do Sistema Único de Saúde e pensar a questão da saúde de maneira mais focalizada.

“Nesses dez anos, temos muitos resultados positivos e muitas frustações também. Penso como seria uma análise de Arouca desse período; não apenas do ponto de vista da análise, mas quais seriam suas propostas e sua forma de atuação. Nossos indicadores relacionados à qualidade de vida e inclusão social no campo da saúde tiveram muitos avanços, mas ainda temos um SUS que apresenta desafios enormes”, expôs.


Gadelha parabenizou a ENSP pelo momento em que incorporou a seu nome uma homenagem ao sanitarista e passou a se chamar Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Lembrou também que esses dez anos sem Arouca se associam a outras datas importantes, como os 59 anos da Escola, contemporânea ao nascimento do Ministério da Saúde, que completa 60 anos. “Parabenizo a trajetória da ENSP não só por participar da construção do Sistema Único de Saúde, mas do processo de formação do campo da saúde, em toda a dimensão dos seus 59 anos.”

“A programação escolhida para essa semana comemorativa vai nos trazer momentos muito ricos de reflexão, mas, além disso, vai deixar algo muito caro para nós na trajetória de Arouca, que é a construção da visão contemporânea do protagonismo da Fiocruz como uma instituição que recuperou as dimensões que estavam em seu projeto original de pensar as dimensões mais amplas de como a saúde é central, para se pensar em um modelo de desenvolvimento, em um modelo de país. Além da questão central da cidadania como elemento da questão civilizatória, como dizia nosso querido Arouca”, destacou Gadelha.

O diretor da ENSP, Hermano Castro, afirmou emocionadamente como o discurso de Arouca ainda se faz tão atual na discussão da saúde. Ele apontou que a ENSP forma centenas de gestores e profissionais de saúde, e não há sanitarista neste país que de alguma forma nunca tenha passado pela ENSP. “A identidade da saúde pública brasileira que o Sergio Arouca nos passou é a que queremos continuar passando aos profissionais que estão aqui. Resgatar essa identidade foi o que fizemos quando optamos pela Semana Sergio Arouca.”

Ele destacou ainda que a heterogeneidade de pensamentos que existe na ENSP é o que faz avançar a saúde pública. Por fim, Hermano citou que a Semana Sergio Arouca foi criada para discutir o SUS, recuperar sua história, a história da Reforma Sanitária brasileira e saber quais caminhos devem ser seguidos no futuro. “Precisamos refletir sobre os grandes temas nacionais que vivenciamos hoje e recuperar todo o legado de Sergio Arouca. O SUS, mesmo com todos os problemas que enfrenta, é um exemplo pleno da realização da cidadania da sociedade brasileira”, enfatizou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), Paulo Garrido, primeiro agradeceu a todos os ex-presidentes da Asfoc pelo importante papel no movimento sanitário. Em seguida, Garrido citou a referência positiva de Sergio Arouca para os trabalhadores da Fiocruz na construção da Asfoc, além de tantas conquistas da Fundação, como o Conselho Deliberativo, o Congresso Interno, modernização da instituição, entre outras. “Arouca foi fundamental na história que construímos, e temos que continuar fortalecendo a mobilização em torno do projeto da Reforma Sanitária”, reforçou.

Cebes e Abrasco recebem homenagem da ENSP

Após a cerimônia de abertura, foi a vez de duas entidades de suma importância na construção da Reforma Sanitária brasileira serem homenageadas: a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes). Paulo Amarante, pesquisador da ENSP, entregou à diretora do Cebes, Ana Costa, uma placa como homenagem da Escola. Na ocasião, Paulo, que já foi presidente do Cebes e passou por sua fundação em 1976, destacou que a função dessa instituição é construir e manter o pensamento crítico na saúde.
 

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Paulo apontou várias conquistas do Cebes, como a revista Saúde em Debate, que completa 37 anos e consegue manter seu perfil acadêmico e seu pensamento crítico. Além disso, Paulo citou a coleção de livros que problematizam a crítica em saúde no Brasil. “O Cebes passou por muitas dificuldades ao longo desses anos, mas nunca morreu. Hoje, temos um site que é um dos mais consultados na área no Brasil, com 70 mil acessos; é um prazer estar aqui para prestar essa homenagem ao Cebes”, enfatizou Paulo. Ana Costa agradeceu e ressaltou que o Cebes deve isso a todos que passaram por lá e de alguma forma contribuíram. “O Cebes somos nós. É uma construção coletiva. O momento agora é de pensarmos em relação às próximas eleições e a grande responsabilidade de avançarmos nessa direção com nossos parceiros, como a ENSP e a Abrasco”, disse Ana.

Em seguida, foi a vez da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) ser homenageada. Para prestigiar a Abrasco, o ex-diretor da ENSP e da Abrasco, Arlindo Fábio entregou a José Noronha, também ex-presidente da Abrasco, a homenagem. Arlindo lembrou que os tempos não estão fáceis, mas que passamos por muitos momentos difíceis ao longo de tantos anos, e a Abrasco sempre desempenhou papel fundamental. A Abrasco e o Cebes fizeram e fazem parte do Sistema Único de Saúde. Arlindo lembrou também que o conceito de saúde coletiva, criado pela Abrasco, sinalizou o protagonismo nos eventos de maior relevância no campo da saúde coletiva. “Em nem um lugar do mundo existem eventos de saúde como os realizados pela Abrasco”.

 

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Arlindo Fábio falou também da Livraria Abrasco, que trouxe os primeiros livros que abordam a questão da saúde coletiva com ampla abrangência. Por fim, Arlindo apontou que os mais jovens precisam se empenhar para conhecer a história da saúde no Brasil, saber o que ocorreu nos anos 60, 70, 80, conhecer o que foi o processo de mobilização da saúde e como isso repercutiu. José Noronha, que representou o atual presidente da Abrasco, Luiz Eugênio Portela, durante seu agradecimento, reforçou que o compromisso da Abrasco é com a intervenção da realidade, sendo assim é fundamental conhecê-la. Noronha citou também a importância da presença da ENSP na Diretoria da Abrasco ao longo dos anos e destacou que a associação tem duas faces: a da militância política e a acadêmica.

Ao final da emocionante cerimônia de abertura da Semana Sergio Arouca e das homenagens ao Cebes e à Abrasco, os participantes foram convidados a colocar a máscara de Sergio Arouca - uma caricatura feita por Ziraldo – em homenagem ao guru da saúde pública. 
 

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