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Escritório da Fiocruz na África: um duplo desafio

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Publicado em:23/05/2013
Após dois anos à frente do Escritório da Fiocruz na África, o pesquisador da ENSP, José Luiz Telles renova seu projeto de coordenação e traça novos planos para a atuação e legitimação do Escritório no continente. Apesar de cinco anos de atuação, o Escritório ainda caminha na busca por protagonismo e reconhecimento institucional. Segundo Telles, existem grandes desafios externos, porém ultrapassar as barreiras internas da própria Fundação e suas unidades técnico-científicas para ganhar legitimidade tem sido a principal tarefa.

Existe na Fundação a cultura de muita independência e autonomia em cada um de seus institutos, centros e escolas. No âmbito da cooperação internacional, a consequência é a dificuldade de se ter um quadro mais sistêmico das atividades que as unidades desenvolvem. 
Escritório da Fiocruz na África: um duplo desafio
Uma das estratégias para superar tal dificuldade é o fortalecimento institucional das instâncias de cooperação internacional das unidades e a reativação da Câmara Técnica de Cooperação Internacional, liderada pelo Centro de Relações Internacionais da Fiocruz (Cris). Esta instância serviria não apenas para discutir os projetos realizados por cada unidade mas, fundamentalmente, para ser um espaço formulador de diretrizes e de instrumentos de acompanhamento e avaliação. Neste âmbito, o Escritório da Fiocruz na África seria importante no sentido de compartilhar a vivência institucional e as agendas estratégicas dos países do continente. A meta é fazer com que este Escritório seja reconhecido como um ponto de apoio às unidades técnico-científicas para a negociação, como meio facilitador das atividades e um interlocutor privilegiado.
 
Caminhando neste sentido, no ano passado, em 2012, relembrou Telles, foi realizada uma oficina na Fiocruz para discutir um plano integrado de cooperação com o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS). O encontro contou com a participação de diversas unidades, entre elas o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), a ENSP, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), a Casa de Oswaldo Cruz (COC) e o Centro de Relações Internacionais da Fiocruz (Cris).
 
Para Telles, a oficina foi uma atividade importante para a materialização da ideia e necessidade de uma visão institucional mais sistêmica do que se entende por cooperação estruturante em saúde. Este conceito vem sendo construído por pesquisadores da Fiocruz e busca, em última instância, fazer com que as atividades de cooperação fortaleçam as instituições nacionais de saúde. 
  
Telles garantiu ainda que o Cris/Fiocruz tem papel estratégico e fundamental nesta articulação. “Com ações e projetos mais articulados entre si provemos mais subsídios a presidência da Fiocruz para que seja feita uma pressão política com o governo no sentido de efetivação do Escritório”, disse ele.
 
Os desafios extramuros
 
Escritório da Fiocruz na África: um duplo desafio“Durante seus cinco anos de atuação neste continente, a efetivação legal do Escritório da Fiocruz na África ainda não foi feita pelo Poder Executivo Federal brasileiro. O processo se arrasta no Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) sem que haja uma resposta concreta.” Com base nestes acontecimentos e tendo em vista as próximas eleições presidenciais do Brasil, Telles acredita que 2013 pode ser um ano estratégico para o Escritório na medida em que serão realizadas em 2014 as próximas eleições presidenciais.
 
“Este será um período crítico, pois todas as decisões administrativas, de gestão e orçamentárias serão tomadas agora. Portanto, em função deste contexto, precisamos trabalhar para que as ações e atividades da Fiocruz na África tenham maior visibilidade de modo que possamos construir uma agenda mais política com o Ministério da Saúde e até mesmo com a Presidência da República para definir de vez os termos da regulamentação do Escritório”, ressaltou o coordenador do Escritório.
 
Telles comentou ainda que, hoje, o Escritório trabalha muito aquém do que teria capacidade, na medida em que as ações realizadas têm sido restritas a Moçambique. “O escritório precisa assumir seu papel regional entrando na agenda política da África. Participando de reuniões estratégicas e fazendo parte de comitivas do governo brasileiro, independente da agenda que for tratada, além da área da saúde. Só tendo o reconhecimento de outras instâncias teremos efetivamente a possibilidade de prospecção, desenvolvimento e contato. Mas para isso é fundamental a sua regulamentação por parte do Executivo Federal”, concluiu José Luiz Telles

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