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Residentes são visadas para atuar na gestão do SUS

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Publicado em:10/05/2013

Tatiane Vargas

Baseada em sua missão institucional, apoiada no tripé ensino, pesquisa e assistência, a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) vem conquistando cada vez mais um dos seus objetivos: a formação e qualificação de profissionais para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS). Em sua quarta turma, o curso de Especialização em Gestão da Atenção Básica nos moldes da Residência (também conhecido como R3) é um exemplo dessa conquista. O curso tem como foco capacitar profissionais para conhecer, analisar, acompanhar e atuar na gestão da Atenção Básica das três esferas de governo. Desde sua criação, em 2009, já formou aproximadamente 20 alunas, e destas 90% atuam em alguma esfera da gestão do SUS.

Para os coordenadores da especialização, Helena Seidl, Roberta Gondim e Gustavo Matta, pesquisadores da ENSP, o excelente resultado se deve ao nível da formação proporcionada às alunas durante o curso, o que as diferencia totalmente no mercado de trabalho. Curiosamente, desde sua primeira turma, o curso é constituído apenas de alunas mulheres. Para Roberta Gondim, essa procura reflete uma interessante questão de gênero presente na área da saúde, o que, sem dúvida, merece olhar mais apurado sobre o fenômeno.

Residentes são visadas para atuar na gestão do SUS


Formada a terceira turma, o R3 já está com a quarta turma iniciada. A criação do curso surgiu a partir da percepção de dois interessantes fenômenos que se conjugavam: por um lado, o fato de que muitos alunos queriam compreender de forma mais aprofundada aspectos e dificuldades próprios da gestão que impactam na atenção à saúde, gerando assim grande interesse de atuar na gestão. Por outro lado, a demanda por parte do sistema de saúde, de profissionais qualificados para atuar na Atenção Primária, em especial na dimensão da gestão. Promover desempenhos de excelência nas diversas áreas de gestão do serviço público de saúde relacionadas à implementação e ao acompanhamento da Gestão da Atenção Básica e da Estratégia de Saúde da Família (AB/ESF) é ponto central para o curso.

“Há cerca de cinco anos, começamos a observar que, apesar de a formação oferecida na residência ter como objetivo preparar os alunos para a atuação nas Equipes de Saúde da Família (ESF), também gerava oportunidades para a atuação na gestão, visto que os  alunos que estavam saindo eram muito assediados para ocupar cargos gerenciais. Percebemos, assim, a necessidade de uma formação mais voltada para a gestão. A ideia de criar o R3 surgiu por essa demanda, além de nossa percepção de que era fundamental proporcionar o contato com aportes específicos para que esses alunos pudessem atuar na gestão. O que fizemos foi viabilizar maior aproximação da academia com o mundo do trabalho e estamos obtendo muito êxito”, destacou Helena Seidl.

Crescimento da demanda possibilita expansão do curso

O curso é uma espécie de continuidade da Residência em Saúde da Família, e, atualmente, é voltado para seus egressos. Porém, todo os anos, são recebidas mais de cem inscrições de alunos de outras residências, sendo muitas de outros estados. “A demanda cresce a cada ano, e nós gostaríamos muito de poder abrir esse curso para outros alunos. Dessa forma, nossa ideia é expandir as vagas para além dos nossos egressos e receber também alunos de outras residências”, explicaram as coordenadoras.

O projeto de expansão prevê a possibilidade de novas turmas nas cinco regiões do Brasil, oferecidas em diferentes Unidades Técnico-Científicas da Fiocruz. “A ideia seria receber profissionais egressos de qualquer residência em Saúde da Família, multiprofissional ou médica. O processo de aprendizagem está fundamentado no contexto em saúde no qual os alunos atuam, e a unidade pedagógica do curso se dá a partir dos consensos em torno do campo e núcleo de saberes da Atenção Primária em Saúde. A oferta seria em Rede, o que possibilitaria a expansão do perfil dos profissionais que atuam na gestão, além de dialogar com a grande demanda que recebemos de outras regiões”, descreveram Roberta e Helena. Para o projeto de expansão do R3, já há conversas iniciais com pesquisadores das Unidades da Fiocruz no Amazonas (Leônidas e Maria Deane) e Pernambuco (Aggeu Magalhães).

Visão das alunas sobre a formação do R3

Para as alunas da última turma, o curso de especialização em gestão da Atenção Básica foi um grande marco em suas formações, pois permitiu uma visão abrangente sobre a política de saúde no Brasil. Segundo Juliana Gagno, aluna da terceira turma que atualmente trabalha como assistente de pesquisa do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (Pmaq) e do Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica (Provab), ambos do Ministério da Saúde, o curso se iniciou com uma imersão teórica-conceitual sobre conjuntura, funções gestoras, análise de política e evolução da Atenção Básica, dentre outros aspectos importantes para fundamentar as experiências nas diferentes esferas da gestão: federal, estadual e municipal.

Em um segundo momento, as alunas ingressaram na Superintendência da Atenção Básica do Estado do Rio de Janeiro, seguida do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e da Subsecretaria de Atenção Primária do Município do Rio de Janeiro. Elas conheceram ainda diferentes regiões e as formas de atuação da Atenção Básica no estado. “Participamos da formulação de políticas no Ministério da Saúde. Desbravamos a rotina da gestão de um município com tantas particularidades como o Rio de Janeiro. Tudo isso associado a um cotidiano extremamente dinâmico e mutável de trabalho e de reflexões, propostas ou intervenções. Ou seja, a brevidade do curso - apenas um ano -  só acentuou nossa intensa atuação como ‘aspirantes’ a gestores de cada uma das esferas. Foi muito rica a oportunidade de vivenciar na prática os desafios e perspectivas das gestões da Atenção Básica e, ainda, refletir sobre ela com os pesquisadores da área na ENSP”, destacou a equipe de residentes.

As alunas apresentaram também um importante fruto do curso: o relato da Política Nacional da Atenção Básica feito pelos seus formuladores, em forma de um vídeo desenvolvido na vivência no Ministério da Saúde disponível em http://www.youtube.com/watch?v=OpTvTGWql9I. Por fim, ressaltaram a importância da coordenação do curso. “O papel da coordenação nos ofereceu uma vivência de muita autonomia; construção coletiva; inúmeros contatos institucionais; e uma inserção imediata no mercado de trabalho nas diferentes esferas, em que cada uma de nós pôde optar sobre a área de atuação. Saímos hoje desse curso com um compromisso ainda maior em relação à gestão de qualidade no SUS”, avaliaram as alunas. Na primeira quinzena do mês de maio, as alunas apresentaram individualmente seus Trabalhos de Conclusão de Curso para bancas compostas de professores da ENSP e membros externos. A excelência dos trabalhos se confirmou no conceito A obtido por todas elas.


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