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ENSP auxilia Moçambique na elaboração de mestrado

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Publicado em:17/04/2013

Isabela Schincariol

 

ENSP auxilia Moçambique na elaboração de  mestrado

Um novo curso de mestrado está sendo desenvolvido pela ENSP e o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz). Intitulado Sistemas de Saúde para Moçambique, o curso foi idealizado a partir da necessidade de melhoria das condições de saúde da população e é fruto da boa relação entre o Brasil e o país africano e, em especial, entre a Fiocruz e o Instituto Nacional de Saúde (INS). O desenho do curso, cujo objetivo é fortalecer o sistema nacional de saúde de Moçambique, e sua adequação cabem à Escola e ao CPqAM, com apoio da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). O novo mestrado integra a cooperação bilateral estabelecida há cerca de seis anos entre a Fiocruz e o INS e tem foco na formulação de políticas nacionais de saúde. Futuramente, espera-se compartilhar a experiência com os outros países africanos de língua oficial portuguesa.

Segundo o diretor científico do INS, Francisco Mbofana, o sistema nacional de saúde moçambicano enfrenta múltiplos desafios em diversas áreas e, por isso, a formação de indivíduos é fundamental. “Nosso objetivo é formar quadros para todo o sistema. Priorizaremos os profissionais do INS, pois são eles que nos ajudarão a encontrar os elementos-chave das estratégias de intervenção que visem ao aprimoramento do sistema de saúde de Moçambique. Portanto, o mestrado é uma ferramenta para alcançar o fortalecimento das capacidades do INS e, consequentemente, de todo o sistema nacional de saúde”, explicou Mbofana.

Além de profissionais formados para a área da pesquisa em sistema de saúde, Mbofana, comentou que aguarda a formação de indivíduos executores e gestores. “Não podemos mais esperar a realização de pesquisas científicas e, com elas, a geração de dados e evidências que fundamentem processos. Precisamos trabalhar hoje com base nas informações atualmente disponíveis e formar cada vez mais indivíduos à medida que o mestrado amadurecer. Só assim, daqui a dez anos, poderemos falar em um sistema de saúde diferente”, defendeu ele.

Mbofana explicou que, em seu país, já se realizam intercâmbios para a formação de profissionais. No entanto, em termos de orçamento e logística, a realização de um mestrado em Moçambique facilita a participação de maior quantidade de indivíduos, aumentando, assim, a massa crítica local. Outra questão bastante relevante, para o diretor científico, é que o curso, diferentemente de outras formações disponíveis no país, está sendo desenvolvido em sua totalidade de acordo com as necessidades e a cultura local. Para ele, isso proverá profissionais com foco na experiência e nos desafios moçambicanos e, em maior escala, africanos, mas todos com a mesma qualidade dos grandes e já tradicionais institutos de pesquisa.
ENSP auxilia Moçambique na elaboração de  mestrado
 
Os países africanos de língua oficial portuguesa apresentam, de maneira geral, carências e demandas bastante específicas em determinadas áreas, e o ensino é uma delas. A partir disso, Mbofana comentou que o INS está se articulando para facilitar a participação de tais indivíduos no curso e até mesmo para levar o mestrado para outros países, pois já foram identificados lideranças e departamentos estratégicos que podem ser formados em outros países.
 
A oficina de desenvolvimento do projeto ocorreu no Centro de Relações Internacionais (Cris/Fiocruz), nos dias 15 e 16 de abril, com a presença dos pesquisadores da ENSP Nilson do Rosário, Célia Almeida e Elizabeth Artman; a vice-diretora de Pós-Graduação da Fiocruz, Cristina Guillam; a pesquisadora do CPqAM Ana Maria de Britto; o diretor científico do INS, Francisco Mbofana; e Basano.  
 
Todos os participantes da reunião ratificaram a importância da ação, que fortalece a cooperação Sul-Sul. Essa é uma política brasileira na qual a Fiocruz tem se comprometido. Outro ponto de destaque foi o reconhecimento, por parte dos integrantes do INS, como amigos e parceiros da Fiocruz. Nilson do Rosário afirmou que este é um esforço conjunto e um campo bastante interessante de aprendizado. Célia Almeida, a primeira coordenadora do escritório da Fiocruz na África, ressaltou a importância da área da saúde coletiva no projeto de cooperação. “Já desenvolvemos projetos da maior importância, e esta é uma área extremamente necessária. No projeto, trabalhamos em uma perspectiva de transformação do sistema de saúde em prol da equidade”, disse ela. Elizabeth Artman, no encerramento, ressaltou que, além do próprio curso, Moçambique e o INS ganharão docentes, pesquisadores e quadros mais preparados para o sistema.

Nova etapa de cooperação
 
Em outubro de 2012, a Fiocruz e o INS iniciaram uma nova etapa de auxílio bilateral e definiram uma proposta de plano de cooperação para o próximo quinquênio. O objetivo é fortalecer o papel da instituição moçambicana na formulação de políticas nacionais de saúde. Por meio da cooperação, serão desenvolvidas atividades nos campos de pesquisa; ensino; vigilância em saúde; informação, comunicação e memória em saúde; sistemas de saúde; e no âmbito da Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública e da gestão do INS.
 
O foco desta nova fase da parceria é o fortalecimento da capacidade para o crescimento científico e tecnológico em saúde em Moçambique; o desenvolvimento de modelos de vigilância sindrômica (estratégia que facilita a detecção precoce de potenciais casos de determinada doença, auxiliando na adoção de medidas de prevenção e controle) em áreas prioritárias para a saúde pública dos dois países; a análise dos determinantes sociais em saúde; a avaliação de tecnologias em saúde; e o desenvolvimento institucional do INS e de centros regionais do instituto.

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