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Especialistas falam da saúde na América Latina

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Publicado em:22/02/2013

Por ocasião da visita de uma das pesquisadoras mais representativas da corrente da medicina social latino-americana, Asa Cristina Laurell, que participou de uma videoconferência promovida pelo mestrado profissional em Saúde Global e Diplomacia da Saúde, coordenado pela pesquisadora Célia Almeida, foi realizado um encontro com pesquisadores de diferentes nações e instituições na ENSP, em 20 de fevereiro. O diretor da Escola, Antônio Ivo de Carvalho, destacou a importância das ideias e proposições de Asa Laurell para a saúde pública. “Conhecida como formuladora de políticas, Asa sempre marcou sua identidade pelos princípios de referência democrática. Seu exemplo é uma inspiração para as reflexões da academia e das políticas estratégicas de saúde. Seus ideais de solidariedade, cobertura universal de saúde e acesso irrestrito aos serviços e bem-estar social são fundamentais para essa luta ganhar novos contornos na América Latina”, disse.

Especialistas falam da saúde na América LatinaO assessor de Recursos Humanos em Saúde do Ministério da Saúde da Argentina, Hugo Mercer, deu aula no mestrado sobre tendências globais para formação de RH e, especialmente, sobre os avanços latino-americanos, com destaque para o Brasil em relação à formação profissional e sua articulação com o Sistema Único de Saúde (SUS). “O Brasil faz um grande esforço para formar profissionais estritamente voltados às necessidades do SUS. É um trabalho de muitos anos que ajuda o país a adaptar-se às mudanças das últimas décadas e atender à saúde da população. Esses profissionais estarão preparados para entender o que significa a cobertura universal e o acesso igualitário ao sistema”, afirmou.

Para Mercer, não bastam profissionais em termos quantitativos, mas sim qualitativos. “O profissional necessita ser bem qualificado e de forma contínua. Além disso, precisa de disposição, atitude e valores positivos. Nesse sentido, a formação profissional brasileira para o SUS está se esforçando grandemente para que essas questões estejam vinculadas e, com isso, facilitem a melhoria do sistema”, exemplificou.

Especialistas falam da saúde na América LatinaO professor Mario Dal Poz, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ministrou a aula inaugural no mestrado, cuja temática foi a agenda global e de cooperação, a ação das principais agências de cooperação, especialmente da Organização Mundial da Saúde (OMS), as prioridades e iniciativas, e um panorama dos problemas e desafios de RH em saúde no mundo.

Segundo o professor, que já trabalhou durante 12 anos na OMS, a agenda global tem uma história de 15 anos de construção, incluindo seus mecanismos de cooperação nas Américas, os marcos políticos e de conhecimento. “Em 2000, o relatório de saúde da OMS qualificava RH/força de trabalho como questão mais importante na área de saúde. Com esse relatório, identificamos que RH em saúde contemplava todos aqueles envolvidos na prestação, promoção de atividades que levassem à melhoria da saúde da população, não somente médicos e enfermeiros. Por exemplo, o uso de cinto de segurança no carro é uma questão de prevenção da saúde.” O relatório também identificava os principais problemas de saúde. Mais de 50 países tinham déficit crônico de RH em saúde. Isso ocasiona ineficiência do sistema de saúde e desigualdade de distribuição demográfica de tais profissionais, o que resulta em áreas desassistidas, dificuldades de fixar profissionais em certas regiões, além de problemas de financiamento no setor, condições de trabalho desfavoráveis, violência contra profissionais de saúde, entre outras questões.

Imaginava-se, acrescentou Dal Poz, que os custos com RH em saúde correspondiam a 85% dos gastos, mas os estudos mostraram que está em torno de 40% a 50% no máximo. Na África, por exemplo, está em torno de 30% os gastos com pessoal da saúde, o que representa uma baixa remuneração dos profissionais. Para ele, é necessário discutir os desafios para enfrentar tais problemas, articular os planos de desenvolvimento de RH com os de saúde e investir em sistemas de informação de RH para ajudar no planejamento de longo prazo e na aplicação dos investimentos.

 


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