Tratamentos impulsionam estudos brasileiros no exterior
Tatiane Vargas
Dar continuidade à pesquisa desenvolvida no mestrado e iniciar outra. Com esse propósito, Enrico Mendes Saggioro, aluno do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP e integrante do Laboratório de Ecotoxicologia do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), passará cerca de oito meses em Almeria, na Espanha, para realizar parte de seu doutorado-sanduíche no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras. Orientado pelo pesquisador do Cesteh Josino Costa Moreira, Enrico desenvolverá inovador estudo no Centro de Investigaciones Energéticas, Medioambientales y Tecnológicas (Ciemat). Sua pesquisa pretende analisar novas substâncias - chamadas poluentes emergentes - que vem sendo detectadas nas águas de esgoto da cidade espanhola.
Enrico pretende dar continuidade à pesquisa desenvolvida no mestrado, cujo objetivo era transformar moléculas de um tipo de corante, utilizado no tingimento do jeans, despejadas diretamente no meio ambiente em uma nova substância, facilmente biodegradável. “O grande diferencial é que, nesta nova etapa, vamos realizar a pesquisa com volumes muito maiores. A metodologia continua a mesma, porém o que antes foi realizado em escala laboratorial será realizado, agora, em escala industrial.”
De acordo com o pesquisador, localiza-se no Ciemat a Plataforma Solar de Almeria (PSA), a única da Europa, onde será realizada a pesquisa em escala industrial. “Esse tipo de tratamento não é realizado assim no Brasil. Na plataforma, existem reatores que são capazes de tratar cerca de 30 a 40 litros de efluentes, algo que ainda não pode ser feito em nosso país. Dessa forma, vejo nesse programa uma oportunidade de aprender novas e importantes técnicas e desenvolvê-las em prol da saúde da nossa população”, destacou Enrico.
O novo estudo que será desenvolvido por Enrico consiste em uma importante e inovadora pesquisa. Também na PSA, o pesquisador e seu coorientador, Manuel Ignácio Maldonado Rúbio, pretendem analisar uma nova classe de substâncias que estão sendo detectadas nas águas de esgoto da cidade, os poluentes emergentes. De acordo com Enrico, o acetaminofeno, também conhecido como paracetamol, é uma das substâncias que serão analisadas.
“A ideia é trazer essa nova técnica para a Fundação e fazer uma comparação entre o tratamento químico realizado em larga escala e o realizado de maneira convencional, como, por exemplo, o que é realizado na Estação de Tratamento da Fiocruz. Meu trabalho final abordará os diferentes tipos de tratamentos químicos baseados na quebra da molécula e, com certeza, poderá trazer grandes contribuições para as pesquisas realizadas nessa área no Brasil”, apontou Enrico Saggioro.