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Aumento da temperatura impacta casos de dengue

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Publicado em:03/01/2013

Aumento da temperatura impacta casos de dengueEstudar a relação entre o risco da dengue e as variáveis climáticas (temperatura e precipitação) na cidade do Rio de Janeiro durante nove anos. Este foi o principal objetivo da dissertação de mestrado Análise espacial e temporal da relação entre dengue e variáveis meteorológicas na cidade do Rio de Janeiro no período de 2001 a 2009, defendida no Programa de Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP/Fiocruz pela microbióloga Adriana Fagundes Gomes. O trabalho, publicado na forma de artigo na revista Cadernos de Saúde Pública, aponta que, entre os anos de estudo (2001 e 2009), a elevação de 1°C na temperatura mínima em um mês ocasionou o aumento de 45% nos casos de dengue no mês seguinte; enquanto a elevação em 10 milímetros na precipitação levou ao aumento de 6% no número de casos de dengue no mês seguinte.

O clima é um importante fator na distribuição temporal e espacial das doenças transmitidas por vetores, de forma que, segundo a autora, os estudos sobre as variáveis climáticas podem aperfeiçoar os conhecimentos a respeito da sazonalidade e da predição de epidemias, uma vez que a relação vetor-clima é tão importante quanto a relação vetor-homem. "A incidência de casos de dengue flutua com as condições climáticas, estando associada ao aumento da temperatura e da pluviosidade. Estas condições favorecem o aumento do número de criadouros disponíveis, assim como o desenvolvimento do vetor. Portanto, aumenta a probabilidade de interação vetor-homem e, consequentemente, homem-vírus."

Estudos afirmam associação entre risco de dengue e temperaturas acima de 26°C

No trabalho apresentado, foi incorporada a temperatura acima de 26°C. Observou-se que o aumento de uma unidade na proporção de dias no mês, quando a temperatura média fica acima de 26°C, aumenta em 9,2% o número de casos de dengue no mês seguinte. "Tal resultado era esperado, pois alguns estudos afirmam sobre associação entre risco de dengue e temperaturas acima de 26°C. A temperatura favorável ao desenvolvimento de Ae. aegypti encontra-se entre 21°C e 29°C; já para a longevidade e fecundidade do mosquito adulto entre 22°C e 30°C. Além disso, outro trabalho indica que o aumento de um grau Celsius na temperatura média semanal acima de 26°C corresponde a alto risco de aumento na incidência de dengue de 9 a 16 semanas depois."

A análise também indicou alguns dados históricos. O período entre 2003 e 2005 foi o único que não teve registro de epidemias da doença. No entanto, o maior número de casos ocorreu pouco antes, entre os anos de 2001 e 2002: foram quase 53 mil ocorrências em março de 2002. "A avaliação da distribuição dos casos mostrou que a maior parte fica concentrada na primeira metade do ano, principalmente nos meses de março, abril e maio", comentam os pesquisadores no artigo.

O trabalho teve a orientação de Aline Araújo Nobre, pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc) e coordenadora do mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública na Argentina, e do pesquisador Oswaldo Gonçalves Cruz, também do Procc/Fiocruz. O resultado da pesquisa foi publicado no Jornal O Globo, nesta quinta-feira (3/1), pelo colunista Ancelmo Gois.

 



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