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Relação entre ciclo de vida e disparidades em saúde

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Publicado em:16/10/2012
Relação entre ciclo de vida e disparidades em saúdeCom o tema Ciclo de vida, status socioeconômico e disparidades em saúde, o doutorando Flávio Carvalhaes, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp/Uerj), apresentou seu projeto de pesquisa em sessão científica do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde (Demqs/ENSP), em 15 de outubro. Ele trouxe uma reflexão sobre diferentes indicadores sobre posição social e destacou a educação como um bom indicador sobre a posição socioeconômica da população, pois o processo de escolarização é fixo e aumenta pouco após os 30 anos de idade.
 
Baseado nos dados levantados pela Pesquisa das Dimensões Sociais das Desigualdades (PDSD), Flávio Carvalhaes explicou como os recursos socioeconômicos podem ser entendidos como causas fundamentais das disparidades em saúde. Também esclareceu a importância de se destacarem tais aspectos em pesquisas sobre disparidades em saúde. O doutorando exemplificou o caso da diminuição do tabagismo no século 20 e a inversão de sua associação com grupos mais privilegiados para aqueles menos dotados de recursos. “Conforme a informação sobre os malefícios do tabaco foi se disseminando, o seu uso diminuiu entre pessoas com muitos recursos socioeconômicos, mas não diminuiu na mesma velocidade entre aqueles menos privilegiados, que ainda fumam mais em comparação com pessoas de posição socioeconômica mais alta.”
 
A relação entre ciclo de vida, idade e saúde não fica clara como deveria, disse Carvalhaes, em virtude da carência de dados e da indisponibilidade de bases de dados sobre esses temas. “Se pensarmos a saúde como estoque, percebe-se uma diminuição dela ao longo da vida das pessoas. Mas essa questão foi pouco problematizada na reflexão sobre disparidades em saúde no Brasil.” Os campos da economia e da sociologia têm como tradição esse estudo da relação entre o ciclo de vida e as variáveis socioeconômicas, uma vez que a idade é uma questão central para compreender o ciclo de vida das pessoas. 
 
Os métodos utilizados pela pesquisa levaram em conta a PDSD, uma pesquisa que tenta levantar aspectos não comumente presentes em outras pesquisas populacionais do país. Essa pesquisa conta com módulos diretamente comparáveis às medidas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas inova ao fazer caracterizações mais detalhadas da posição socioeconômica e também de atitudes dos indivíduos sobre vários temas. A pesquisa foi realizada em 8.048 domicílios em todo território nacional. Em seus modelos, Flávio Carvalhaes utiliza as variáveis de sexo, anos de estudo, classe social, idade, região, raça e estado civil para compreender a estruturação das disparidades em saúde no Brasil em 2008.
 
Como resultados, Carvalhaes considera que a idade e a desigualdade socioeconomica não interagem até certo momento do ciclo de vida dos indivíduos, mas, a partir de certa idade, há uma forte associação entre ambas. Esses resultados indicam a forte estruturação entre posição socioeconômica, idade e saúde e aponta que o envelhecimento pode ser mais rápido entre grupos sociais menos privilegiados. “Estar exposto a condições não privilegiadas na infância levará a ter consequências nas fases da adolescência, adulta e idosa", conclui.

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