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História do câncer no Brasil: panorama da doença

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Publicado em:02/10/2012

Para debater a historia do câncer no Brasil, o Grupo Direitos Humanos e Saúde Helena Besserman da ENSP promoveu a sessão científica História do câncer: atores, cenários e políticas públicas. A atividade, realizada na última quinta-feira (27/9), contou com a exposição do chefe do Departamento de Pesquisa da Casa de Oswaldo Cruz, Luiz Antonio Teixeira. Em sua apresentação, ele abordou as políticas de controle do câncer no Brasil, a doença como objeto da medicina e o desenvolvimento da medicina em relação à terapêutica.

 

O tema da palestra é fruto de um projeto homônimo realizado em parceria pela Casa de Oswaldo Cruz e o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O projeto se propõe a elaborar conhecimentos históricos sobre a trajetória das ações de controle do câncer no Brasil e a produzir, coletar e organizar acervos de fontes orais, documentais e iconográficas relevantes para o estudo do tema. Esse trabalho se articula ao esforço da Fiocruz para ampliar suas ações no campo das doenças crônico-degenerativas e negligenciadas. Além disso, visa contribuir para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo por meio da produção de conteúdos pertinentes à formação de recursos humanos para a Rede de Atenção Oncológica e da integração a uma rede de produção de conhecimentos e tecnologias em parceria com o Inca.

 

História do câncer no Brasil: panorama da doença

 

Após a apresentação do projeto, Luiz Antonio abordou a história da doença no país. Segundo ele, o início do século 20 foi o momento de transformação das informações sobre o câncer no Brasil e no mundo. Até então pouco se conhecia sobre a doença e a sua terapêutica, e pouquíssimos estudos abordavam o tema. Ainda segundo Luiz, o desenvolvimento da terapêutica é ainda mais novo no cenário de transformações e informações sobre o câncer. Nesse período, a epidemiologia da doença passou a ser objeto de investigação. A partir da primeira década do século 20, surgiram os primeiros trabalhos sobre a epidemiologia do câncer.

 

Em seguida, Luiz Antonio citou o desenvolvimento dos raios X e, posteriormente, da radioterapia para o tratamento da doença. “Na época, essas descobertas se apresentaram como uma promessa para as condições terapêuticas da doença”, apontou ele. Luiz explicou também que o câncer, naquela época, ainda não era visto como uma doença latente e não havia preocupação da população em relação a ela. Somente em 1919 surgiu a primeira política pública desenvolvida para o câncer. “Surge, assim, a preocupação da saúde pública com a doença.” Na década de 1920, surgem os primeiros hospitais voltados para o tratamento do câncer. O Hospital de Belo Horizonte, em 1922, é o primeiro deles. A segunda instituição surgida foi a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

 

Panorama geral do câncer no Brasil

 

De acordo com Luiz, a partir de 1940, o panorama da doença no país mudou completamente. As preocupações da saúde pública com o câncer no Brasil aumentaram muito: até uma revista científica especializada no tema – a Revista Brasileira de Cancerologia – surgiu. Em 1942, são criados os Serviços Nacionais de Saúde, que, além do tratamento especial contra o câncer, cuidavam de lepra, tuberculose, febre amarela, sífilis e outras doenças. “A partir da criação de um Serviço Nacional de Saúde específico para o tratamento do câncer, a doença se transformou em questão de saúde pública nacional. No início da década de 1950, a relação do câncer com a saúde pública ampliou-se mais”, disse.

 

História do câncer no Brasil: panorama da doençaO coordenador falou também sobre o Plano Nacional de Controle do Câncer (PNCC), elaborado na época em que o país passava pelo milagre econômico. A partir de 1988, com a criação da Reforma Sanitária, o Inca assume o cenário e torna-se responsável pela criação de uma Política Nacional de Câncer. Desde então, a prevenção passa a ser central. “A saúde pública passou a atuar enfaticamente na prevenção e no tratamento da doença. O combate ao tabagismo e ao câncer de colo de útero foram exemplos de políticas de saúde que deram certo. Na década de 1970, o índice de pessoas fumantes era de 35%; atualmente, caiu para 16%. Isso demonstra que, com prevenção e tratamento correto, pode enfrentar com sucesso essa doença”, afirmou.


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