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Fiocruz discute evolução do mestrado profissional

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Publicado em:30/08/2012
O lugar ocupado pelo mestrado profissional (MP) dentro da pós-graduação stricto sensu e sua evolução na Fundação Oswaldo Cruz e em diversos centros acadêmicos. Esse foi o principal tema debatido por dirigentes, coordenadores de cursos de pós-graduação e das áreas da Capes no primeiro dia do I Encontro dos Coordenadores dos Mestrados Profissionais da Fiocruz e do II Seminário do Mestrado Profissional em Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, na quarta-feira (29/8), no auditório do INCQS/Fiocruz. A atividade, além de marcar as especificidades do MP, suas formas de regulamentação e avaliação, prestou homenagem (in memoriam) ao pesquisador da ENSP Antenor Amâncio Filho, que dedicou parte de seu trabalho à redução da distância entre as áreas da saúde e da educação. As apresentações estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.
 
Fiocruz discute evolução do mestrado profissional
 
Coube ao diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Lívio Amaral, esclarecer a estrutura atual da Capes e situar o papel do mestrado profissional dentro do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Após citar a educação básica (agora incorporada à estrutura da Capes) como um dos principais desafios da agência, caracterizou a pós-graduação brasileira como majoritariamente pública, ao contrário do que ocorre na graduação.
 
O mestrado profissional foi instituído pela Capes em 1995. Segundo a agência, responde a uma necessidade socialmente definida de capacitação profissional de natureza diferente da propiciada pelo mestrado acadêmico e não se contrapõe, sob nenhum ponto de vista, à oferta e expansão desta modalidade de curso, nem se constitui em uma alternativa para a formação de mestres segundo padrões de exigência mais simples ou mais rigorosos do que aqueles tradicionalmente adotados pela pós-graduação. 
 
O mestrado profissional na Fiocruz
 
Na Fiocruz, segundo a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade Lima, são reconhecidos pela Capes 32 programas de pós-graduação stricto sensu, dos quais 21 são da modalidade acadêmica, e os restantes caracterizados como profissionais. Essa última modalidade começou a ser ofertada na Fundação em 2002, no Programa de Saúde Pública da ENSP, em curso demandado pela própria Fiocruz, com a Funasa, a Agência Nacional de Saúde e a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério.
 
“A Fundação é uma das principais instituições de formação de recursos humanos para o SUS e pensamos nessa capacitação em uma perspectiva bem ampla. Estamos empenhados em integrar nossos programas, além de incorporar o uso de diversas tecnologias, como vem sendo feito no mestrado em Saúde Global, com aulas por meio de videoconferência, e na Universidade Aberta do SUS. Apesar da desconfiança da área acadêmica no seu início, o MP na área da saúde sempre foi bem-aceito pela longa tradição do campo da formação voltada para o serviço.”
 
Fiocruz discute evolução do mestrado profissionalNo entanto, a portaria normativa do mestrado profissional só foi criada em 2009, e Lívio destacou uma das diferenças em relação ao mestrado acadêmico: o trabalho de conclusão de curso (TCC). “Antes da portaria normativa, os trabalhos deveriam ser apresentados em formato de dissertação, como nos mestrados acadêmicos, mas agora podem ser desenvolvidos em diferentes formatos, tais como dissertação, revisão sistemática e aprofundada da literatura, artigo, patente, registros de propriedade intelectual, projetos técnicos e outros, desde que previamente propostos e aprovados pela Capes. Mas ainda recebemos propostas que não contemplam isso, ou escolhem apenas um formato.”
 
Educação básica interfere na pós-graduação
 
Sobre a avaliação, explicou que é feita por comissões específicas, compostas com participação equilibrada de docentes doutores, profissionais e técnicos dos setores específicos. Também comentou o crescimento dos titulados em saúde coletiva no MP, com 61 titulações em 2006 e, aproximadamente, 250 em 2010. Para acompanhar seu crescimento, porém, é preciso investir em um dos maiores desafios do país, a educação básica. “Segundo estudo da Academia Brasileira de Ciências, aos 25 anos - idade em que teoricamente o estudante brasileiro poderia ingressar na pós-graduação - apenas 15% dessa parcela da população estuda e trabalha. O número de cursos tem evoluído muito mais do que a população supostamente apta a ingressar na pós. Se o modelo persistir, teremos a falência da pós-graduação”, admitiu Lívio Amaral.
 
O critério de avaliação dos mestrados profissionais foi mais aprofundado na mesa seguinte, que reuniu os coordenadores de quatro áreas da Capes Pedro Geraldo Pascutti (Interdisciplinar), Rita de Cássia Barradas Barata (Saúde Coletiva), Leda Quércia Vieira (Ciências Biológicas II) e Carlos Frederico de Oliveira Graeff (Materiais) –, que discorreram sobre os métodos de avaliação e incompreensões acerca do MP.
 
Avaliação da Capes
 
Pedro Pascutti afirmou que o mestrado acadêmico se beneficia do profissional e vice-versa, mas admitiu que a criação de comissões específicas distintas para avaliar cada curso é positiva. Já a coordenadora da área de Saúde Coletiva destacou o fim da resistência ao MP em algumas instituições brasileiras. Ela também comentou os critérios de avaliação da qualidade dos cursos, em que cabe à Capes tratar da aprovação de novos cursos de mestrado profissional, da avaliação anual e trienal, assim como já é feito com os cursos de mestrado acadêmico e doutorado. “Não há sentido criar uma estrutura meramente paralela para avaliação do MP. Ele precisa ser de acordo com as regras da Capes”, afirmou. Os coordenadores Leda Vieira e Carlos Graeff destacaram a especificidade do MP na formação de profissionais com mestrado para atuar em pesquisa e desenvolvimento no setor produtivo e no setor de serviços. Além disso, enfatizaram a necessidade de manter a formação básico-teórica dos alunos no MP.
 
Pesquisador e coordenador dos cursos de mestrado profissional da ENSP, Sérgio Pacheco apresentou os dez cursos da Escola e seu impacto na pós-graduação. “Na perspectiva da ampliação da oferta, o mestrado profissional acabou se tornando uma importante variável-chave, tanto pelas mudanças qualitativas que tem induzido no processo de reorganização da pós-graduação como pelo seu impacto quantitativo. Com relação às mudanças qualitativas, elas se encontram associadas aos próprios objetivos desses cursos na ENSP, que inclui, em particular, a qualificação de profissionais oriundos de instituições governamentais (municipais, estaduais e federais) comprometidos com processos dinâmicos de transformação institucional e de inovação gerencial.”
 
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1 comentários
ROSANE DA SILVA ALVES CUNHA
30/08/2012 22:38
Olá ! Fico muito feliz que a FIOCRUZ esteja em seu dia a dia melhorando a demanda de cursos ,e assim estimulando aqueles que não podem frequentar os cursos presenciais. A modalidade EAD abre portas, e os cursos MP, preencherão uma lacuna, pois aqueles que tem a intenção de realizar um curso de mestrado e moram longe dos grandes centros onde são oferecidos estes cursos , podem agora ,com a quebra do mito , que estes cursos não tem o mesmo valor que os presenciais, nas instituições. Sei , que o caminho é longo, pois adaptar a dinâmica do dia a dia aos estudos, pesquisas ainda não faz parte do cotidiano da maioria dos profissionais, e os olhares , ainda não são os melhores, para esta modalidade de curso. Mas, com o tempo, que não seja longo, este mito será ultrapassado , e como aconteceu com as especializações lato sensu, também com a stricto sensu será vencido. Com carinho. Rosane