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Perspectivas e conquistas da campanha de preservação das toninhas

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Publicado em:13/07/2012

Tatiane Vargas

 

Em abril deste ano, a ENSP/Fiocruz, em parceria com o jornal O Globo, deu início à maior campanha de preservação das toninhas – um discreto e pequeno cetáceo primo das baleias, botos e golfinhos –, que correm risco de extinção, principalmente por causa das redes de pesca e da poluição dos mares. A campanha foi embasada no Plano de Ação Nacional para a Conservação da Toninha, que tem como um dos organizadores o pesquisador da ENSP e coordenador do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (Gemm-Lagos) Salvatore Siciliano. Dentre várias ações propostas pela campanha, o lançamento do site Toninha, cadê você? ajudou a ampliar a conscientização da população no que se refere à poluição e, consequentemente, ao risco de extinção das toninhas.

 

Para Salvatore, o principal objetivo da campanha – dar visibilidade às toninhas – foi totalmente alcançado. A campanha ganhou o país, principalmente pelas redes sociais e pelos sites Toninha, cadê você? e Quero ver toninha. De acordo com dados da Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP do período de abril a julho de 2012, o Facebook é o campeão de acessos entre as redes sociais, seguido pelo Blogger e pelo Twitter. O site criado pela ENSP foi acessado, por exemplo, 111 vezes a partir dos Estados Unidos. Também foram contabilizados acessos a partir da França, de Portugal, do Chile, da Alemanha, entre outros países, evidenciando a grande difusão da campanha. No total, foram obtidas 12. 264 visualizações de página.

 

Com tamanho sucesso, a campanha também chegou às escolas do Rio de Janeiro, incluindo jovens e crianças nas iniciativas de preservação do cetáceo, e se inseriu como um dos principais temas da Rio+20, o uso sustentável dos oceanos. Para Salvatore, que esteve à frente da campanha, uma grande conquista, e talvez uma das mais importantes, foi a ampliação do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, uma das áreas que mais concentra as poucas toninhas ainda existentes nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. A região, localizada no Norte Fluminense, deve ganhar a primeira área de preservação do país voltada para o cetáceo.

 

Confira, abaixo, a entrevista feita com Salvatore Siciliano sobre as conquistas e perspectivas da campanha que vem ganhando cada vez mais adeptos.

 

Informe ENSP: Quais foram os impactos da campanha ‘Toninha, cadê você?’ para a preservação da espécie?

 

Perspectivas e conquistas da campanha de preservação das toninhasSalvatore Siciliano: As toninhas são intensamente estudadas desde a década de 1970. Poucas espécies de mamíferos, inclusive os terrestres, têm sua biologia tão bem estudada. Isso é, na verdade, um grande paradoxo: estuda-se muito a toninha justamente por causa das centenas de carcaças que aparecem nas praias depois que são liberadas das redes de pesca. Mas toda essa informação estava restrita a dois mundos: o dos pescadores e o dos pesquisadores. Por essa razão, apontamos no Plano de Ação Nacional que havia uma enorme necessidade de popularizar a toninha, trazer a questão à tona, antes que fosse tarde demais.

 

Informe ENSP: Quais foram os objetivos da campanha? Foram atingidos?

 

Salvatore Siciliano: Por mais incrível que pareça, o objetivo principal era exatamente colocar a toninha na mídia, no melhor espírito de que só quem conhece se preocupa. O momento que antecedeu a Rio+20 foi crucial para isso. Nós, da ENSP, e a equipe do jornal O Globo fomos muito ágeis em propor a toninha como uma espécie de bandeira da causa do mar sem lixo e das praias limpas, ou seja, um ambiente saudável. Podemos dizer que atingimos plenamente esse objetivo, pois a toninha não é mais uma ilustre desconhecida.

 

Informe ENSP: Quais as próximas ações previstas para a campanha?

 

Salvatore Siciliano: São várias, mas adianto que aproveitaremos o Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias (DMLRP), que acontece sempre no terceiro sábado de setembro, para ampliar a campanha com mais grupos e pessoas. Trata-se de um evento do voluntariado mundial. São pessoas em mais de 150 países limpando juntos e inventariando o lixo, um retrato do estado das praias. Aqui no Brasil a data marca o início da primavera, uma ótima ocasião para pensar no que vem pela frente, um verão com praias limpas.

 

Informe ENSP: Você poderia destacar os principais resultados da campanha?

 

Salvatore Siciliano: Chamou a atenção os milhares de acessos ao site da ENSP, o Quero Ver Toninha, e ao do Gemm-Lagos. Pessoas de vários países acessaram o site. As palestras para as crianças foram especialmente gratificantes: foram dezoito palestras em dez escolas do município. Plantamos uma semente de conservação e respeito pela natureza na geração dos anos 2020. E não param de chegar pedidos para mais palestras no segundo semestre.

 

Informe ENSP: A criação de uma área de proteção para o pequeno cetáceo, com a ampliação do Parque Nacional de Jurubatiba, na Região Norte Fluminense, é um desses resultados. Qual seria o tamanho ideal da área?

 

Salvatore Siciliano: A meu ver, esse foi o ponto alto de toda a campanha. Se a ampliação do Parque de Jurubatiba se concretizar, poderemos dizer que fomos extremamente felizes na nossa jornada. Precisamos alargar o Parque até a isóbata dos 30 metros de profundidade. Isso não dá nem dois ou três quilômetros mar adentro, muito pouco para salvar uma espécie. Ali não tem nenhuma pesca significativa, nenhuma comunidade tradicional seria afetada. Mas ganha o turista, o aventureiro, que vai conhecer uma praia quase selvagem em pleno estado do Rio. Isso é maravilhoso.

 

Informe ENSP: De que maneira você avalia a contribuição das tecnologias da informação (redes sociais e site) na propagação da campanha?

 

Salvatore Siciliano: Esse é o canal. E vamos usar esses veículos para o bem, por uma causa relevante. Foi incrível um morador de Florianópolis ter postado no Facebook há quinze dias a foto dele com uma toninha no colo. Ele queria mostrar o quanto estava triste com aquilo, mas mostra, ao mesmo tempo, que as pessoas se sensibilizaram profundamente com a campanha. Tenho certeza que estamos no caminho certo e que as novas tecnologias podem e vão continuar contribuindo muito.


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1 comentários
ROSANA MAGALHÃES GAETA
15/07/2012 12:11
Excelente matéria e excelente trabalho!Aqui da capital de SP, longe do mar também podemos fazer uma ação juntos na data que definirem no litoral,afinal tudo e todos estamos interligados!Trabalho com agroecologia da defesa ambiental e podemos organizar um evento!Aguardo se possível informação de datas e conteúdos para elaborarmos uma ação. Como o prof disse vamos usar as novas tecnologias, as de comunicação!!!!!!!!!!