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Tese da ENSP ganha Prêmio Capes 2011

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Publicado em:14/06/2012

Tese da ENSP ganha Prêmio Capes 2011A tese de doutorado em Saúde Pública da ENSP Imunogenicidade e reatogenicidade das vacinas contra febre amarela: implicações para o Programa Nacional de Imunizações, do médico Guilherme Côrtes Fernandes, foi a vencedora na categoria Saúde Coletiva do Prêmio Capes de Tese 2011. Orientado pelo pesquisador da Escola Luiz Antonio Bastos Camacho, o propósito do estudo foi obter dados para responder questões relativas às estratégias do Programa Nacional de Imunizações necessárias à definição das políticas públicas para controle e prevenção da doença. Desde que o prêmio foi lançado em 2005, está foi a segunda vez que a ENSP teve trabalhos vencedores (2006 e 2011), além de uma menção honrosa em 2009. Trata-se de mais uma conquista do programa de Saúde Pública da Escola, que forma, há 35 anos, profissionais de alto nível para a docência e a pesquisa.

 

Para o coordenador adjunto do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Nilson do Rosário Costa, "a tese de doutorado de Guilherme Côrtes Fernandes traz grande contribuição científica ao recomendar uma nova orientação à política governamental de provisão de um bem coletivo essencial. A relevância do estudo está na produção de evidências relativas às opções da política de vacinação do Ministério da Saúde brasileiro. O rigor acadêmico e as recomendações específicas sobre a vacinação de crianças contra a febre amarelada fortalece a tradição dos estudos de saúde pública orientados à solução de problemas. Estes estudos superam os falsos limites entre a pesquisa básica e a pesquisa aplicada". Já para o orientador Luiz Camacho, o prêmio significa o reconhecimento de um trabalho de pesquisa sobre um problema relevante de saúde pública, propiciando formação de recursos humanos altamente especializados.

 

“Os resultados por si só já trazem contribuições importantes para decisões e estratégias do calendário vacinal. Porém, acredito que a questão mais relevante deste trabalho diga respeito ao esforço coletivo, e frutífero, de sua realização. Ao fato de ter sido resultado de um grande ensaio clínico, realizado com todo o rigor metodológico em várias unidades de vacinação brasileiras, buscando informação a partir de dados oriundos de serviços de atendimento para obter evidências que respondessem perguntas relacionadas às estratégias vacinais brasileiras”, afirma o responsável pelo trabalho, Guilherme Côrtes.

 

A respeito do prêmio conquistado, o doutor contemplado destaca que uma premiação como esta é, sem dúvida, uma grata surpresa e que trouxe muita alegria. “Acreditava tratar-se de uma boa tese e que poderia, em alguma medida, contribuir em certos aspectos para a saúde pública brasileira. Mas essa premiação é um reconhecimento que definitivamente transcende os objetivos e aspirações deste trabalho, que me fez pensar não somente nos esforços dos quatro anos de doutorado, mas também, e principalmente, em todo o processo de vida que levou à construção do meu ser e pensar atuais”, ressaltou.

 

Conheça a pesquisa

 

Segundo o autor, a efetividade das vacinas contra febre amarela tem sido aferida indiretamente pelo sucesso das ações de vacinação no controle da doença em muitos países. Apesar desse sucesso, ainda existem questões pendentes sobre a imunogenicidade e reatogenicidade das vacinas disponíveis que precisam ser avaliadas para definição de estratégias das ações básicas de imunização na infância.

 

Guilherme explica no trabalho que ‘no atual calendário básico de imunizações, há a possibilidade da aplicação simultânea das vacinas contra febre amarela e da vacina tríplice viral’. Um ensaio clínico multicêntrico e randomizado foi realizado para investigar a imunogenicidade e a reatogenicidade das vacinas contra febre amarela em crianças (Collaborative Group for Studies with Yellow Fever Vaccine, 2007) para responder às questões ligadas às estratégias do PNI, necessárias para a definição das políticas públicas de controle e prevenção da doença. ‘A proporção de soroconversão e soropositividade pós-vacinal contra febre amarela em crianças aos 9 e 12 meses foi menor que a observada previamente em ensaio clínico em adultos. Não houve diferença na imunogenicidade ou reatogenicidade das subcepas de vacinas contra febre amarela testadas’, informou Guilherme.

 

‘A vacinação simultânea contra febre amarela e tríplice viral afeta substancialmente a resposta imunológica para rubéola e febre amarela, mas não a vacina contra sarampo, o que pode influenciar de forma relevante as estratégias para controle da febre amarela e rubéola. A presença de anticorpos contra dengue, independentemente de seu título, não interfere na imunogenicidade ou no padrão de reatogenicidade das vacinas contra febre amarela aplicadas em crianças residentes em áreas endêmicas’, destaca o autor no trabalho.

 

Com relação ao número de doses da vacina, Guilherme ressalta que a aplicação da primeira dose aos 9 meses deve ser mantida para proteger indivíduos de zonas endêmicas o mais cedo possível. Já a aplicação da segunda dose, aos 12 meses, permite três bons fatores ao imunizado: resguardar número adicional de crianças que não tiveram respostas à primovacinação (falha primária); reforçar respostas à primovacinação; e ampliar as oportunidades de vacinar aqueles que não haviam recebido a primovacinação aos 9 meses.

 

Sobre o autor do trabalho

 

Guilherme Côrtes Fernandes possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997), mestrado em Saúde Pública pela ENSP (2003) e doutorado, também pela Escola (2010). Atualmente, é médico do programa de DST/Aids da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora e coordenador do Protocolo de Atendimento à Exposição Ocupacional e Sexual a agentes biológicos do município de Juiz de Fora, coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas e chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. Coordena ainda o projeto Riscobiologico.org, que tem como missão prevenir riscos biológicos ocupacionais para trabalhadores da área da saúde.

 

Prêmio Capes de Tese

 

O Prêmio Capes de Tese foi instituído em 2005 com o objetivo de outorgar distinção às melhores teses de doutorado defendidas e aprovadas nos cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação. São considerados na seleção os quesitos originalidade, inovação e qualidade. O prêmio, uma parceria entre a Capes, a Fundação Conrado Wessel e o Instituto Paulo Gontijo, é outorgado para os melhores trabalhos em cada uma das áreas do conhecimento reconhecidas pela Capes nos cursos de pós-graduação adimplentes e reconhecidos no Sistema Nacional de Pós-Graduação. As teses vencedoras do Prêmio Capes de Tese ainda concorrem ao Grande Prêmio Capes de Tese.

 

Dois trabalhos da ENSP já foram agraciados no Prêmio Capes, sendo a primeira em 2006, com o tema A multiplicidade do único - Territórios do SUS, de autoria de Evangelina Gouveia. A geógrafa do IBGE examina, em sua tese, a distribuição territorial dos serviços hospitalares e investiga como a regionalização do SUS pode melhorar o acesso aos atendimentos. O trabalho, que já havia recebido menção honrosa no Prêmio de Tecnologia para o SUS em 2005, foi realizado sob a orientação da pesquisadora Claudia Travassos, do Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict/Fiocruz).

 

O segundo trabalho foi a tese de doutorado Usuários de drogas vivendo com HIV/Aids: análise de fatores associados à sobrevida e à aderência ao tratamento, desenvolvido pela pesquisadora Monica Malta (DCS/ENSP), que recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2009. O estudo, que começou a ser desenvolvido em 2006, comparou a sobrevida, após o diagnóstico de Aids, entre todos os homossexuais masculinos e usuários de drogas injetáveis notificados e diagnosticados no país durante cinco anos.


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