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Segurança do Paciente será tema de curso a distância binacional

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Publicado em:18/05/2012
 
Paulo Sousa, coordenador do mestrado em Segurança do Paciente da Escola de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, e  Walter Mendes, coordenador da disciplina eletiva Segurança do Paciente no mestrado e no doutorado em Saúde Pública da ENSP/Fiocruz  concederam entrevista ao Informe Ensp. Segundo Mendes, em breve, será lançado um curso a distância binacional para profissionais e gestores dos serviços de Saúde dos dois países e os demais de língua portuguesa. Sousa, em visita à ENSP, disse que a ideia é tornar cada vez mais robusta a parceria entre as duas instituições. Confira, abaixo, a entrevista.
 
Informe ENSP: Como começou a parceria entre as Escolas, de Portugal e do Brasil? 
 
Segurança do Paciente será tema de curso a distância binacionalWalter Mendes: Desde 2011, por meio de uma parceria da Organização Mundial de Saúde (OMS) com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), através do portal ProQualis e com a ENSP da Universidade Nova de Lisboa, com a participação da ENSP/Fiocruz, foram traduzidos para o português o curso on-line Introdução à investigação sobre a Segurança do Paciente, da OMS. O curso teve oito sessões, com um total de dois mil inscritos, sendo 400 pontos de assistência, o que representou mais alunos ouvintes. Esse curso está disponível no site da OMS. Antes disso, as pesquisadoras Claudia Travassos, do Icict, e Mônica Martins, da ENSP, adaptaram, em conjunto com a ENSP Lisboa, um curso de Segurança do Paciente do Institute of Healthcare Improvement (IHI).
 
 
Segurança do Paciente será tema de curso a distância binacionalPaulo Sousa: Também vou me reunir com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) para acertos finais na página eletrônica sobre Eventos Adversos, que ficará hospedada no site do Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e a Segurança do Paciente (ProQualis), também do Icict.
 
 
 
Informe ENSP: Essa parceria envolve quais outros projetos?
 
Walter Mendes: Esse encontro das duas Escolas deu início a um projeto conjunto de desenvolvimento de pesquisas na área de Segurança do Paciente. Será lançado um curso a distância binacional. O curso é o embrião. A partir dele veremos questões legais, consultaremos a Capes e veremos a possibilidade de oferecer o mestrado.
 
Informe ENSP: Como será esse novo curso a distância sobre Segurança do Paciente?
 
Walter Mendes: O curso será de especialização (360 horas-aula), no modelo de ensino a distância (EAD), e será certificado binacionalmente, pelo Brasil e por Portugal. O público-alvo são profissionais e gestores dos serviços de Saúde dos dois países e dos demais de língua portuguesa. O EAD prevê um tutor para cada 25 alunos e se vale de uma plataforma tecnológica de ensino.
 
Informe ENSP: Há previsão para a data de realização?
 
Walter Mendes: Ainda não. Estamos, a ENSP de lá e a daqui, definindo os conteúdos a partir do que já existe acumulado pela
disciplina oferecida na ENSP/Fiocruz, bem como pelo mestrado realizado pela Universidade Nova de Lisboa.
 
Informe ENSP: Por que a questão da segurança do paciente ganhou tanta importância?
 
Paulo Sousa: Nos últimos anos, cresceu a preocupação com os eventos adversos, que são complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes. Eles demonstram dimensões significativas, de acordo com as pesquisas, com implicações clínicas, mas também econômicas e sociais. Em média, a ocorrência de eventos adversos se situa entre 3,5 e 17% das admissões hospitalares, dependendo do método de avaliação. 
 
Walter Mendes: Há um livro clássico, Errar é humano, publicado pelo Institute of Medicine, que diz que o evento adverso mata mais pacientes que o câncer de mama, a Aids e os acidentes rodoviários. Foi o que motivou a OMS a criar o Programa Mundial de Segurança do Paciente.
 
Paulo Sousa: A OMS encomendou, então, o curso a distância para Brasil e Portugal, posto que já haviam saído as versões inglesa e francesa. Portugal criou, há cerca de dois anos, um mestrado em Segurança do Paciente, porque os profissionais de saúde trabalham em equipe e parte da formação é interdisciplinar, então o curso deve chegar à graduação e à pós-graduação.
 
Informe ENSP: Como se caracteriza o problema no Brasil e no mundo?
 
Walter Mendes: Em escala global, a questão da segurança do paciente contempla problemas comuns e também particularidades. Nos países em desenvolvimento há problemas mais estruturais (falta de medicamentos, de médicos) e nos países mais desenvolvidos o maior problema é a comunicação. Quanto mais complexa a medicina, maior é o risco para o paciente, apesar de salvar mais.
 
Informe ENSP: Como está a formação dos profissionais de saúde no que se refere à segurança do paciente?
 
Walter Mendes: Desde a formação, os profissionais da área de Saúde estão acostumados a pensar que são infalíveis. Um inquérito americano aplicado nos anos noventa a residentes médicos, sem revelar suas identidades, apontou que 100% do grupo investigado cometeu erros e que alguns deles levaram a óbitos.
 
Informe ENSP: Há alguma proposta de inclusão da disciplina Segurança do Paciente no currículo das escolas de formação desses profissionais?
 
Walter Mendes: A OMS tem uma proposta nesses termos; o ProQualis também tenta disseminar a questão. A articulação com as universidades é um processo de mudança de cultura. O ideal é que fosse mais rápido, mas desde que seja gradual e contínua, já está ótimo.
 
Informe ENSP: Que outros tipos de campanha acontecem na área de Segurança do Paciente?
 
Paulo Sousa: A OMS realiza várias campanhas. A primeira foi em 2007, Uma assistência limpa é uma assistência mais segura, cuja promoção era para que os profissionais lavassem as mãos antes dos procedimentos. Em 2009, tivemos a segunda campanha, Cirurgia segura salva vidas, com o objetivo de propagar o check-list antes da anestesia, antes da incisão cirúrgica e antes de o doente sair da sala de cirurgia. 
 
Walter Mendes: A campanha Cirurgia segura salva vidas é de suma importância porque, por exemplo, de 1997 a 2005, nos hospitais americanos acreditados, quase mil eventos foram realizados em paciente ou local errado.
 
Informe ENSP: Mais alguma recomendação aos alunos da ENSP interessados no tema? 
 
Walter Mendes: Inscrevam-se na disciplina eletiva Segurança do Paciente, oferecida pelo mestrado e doutorado em Saúde Pública da ENSP.

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