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O custo do conhecimento: o apelo por publicações científicas grátis

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Publicado em:07/05/2012

A guerra dos cientistas contra as revistas científicas e suas ávidas assinaturas também recrutou a Wikipédia. O governo britânico pediu que o fundador da enciclopédia na web, Jimmy Wales, publique gratuitamente todos os artigos científicos obtidos com o dinheiro dos contribuintes ingleses.


A reportagem é de Elena Dusi, publicada no jornal La Repubblica, 03-05-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


Essa é a última ofensiva da campanha batizada de Primavera da Academia, que teve início em janeiro pelo blog do matemático de Cambridge Timothy Gowers. Desde então, 11 mil cientistas de todo o mundo aderiram ao apelo de boicotar a editora Elsevier, a maior do setor, que recebe gratuitamente os artigos dos cientistas para, depois, impor às suas revistas assinaturas que variam de 20 a 40 mil dólares.


Os cientistas da Primavera da Academia, através do blog www.thecostofknowledge.com, se comprometem a não fornecer artigos, consultoria nem trabalho editorial à Elsevier, acusada, em 2011, de ter acumulado lucros de 2,1 bilhões de dólares (com uma margem de 36% sobre as receitas), sobre os ombros da ciência financiada pelo dinheiro público.


Além de cientistas individuais, também se uniram ao boicote o Wellcome Trust, de Londres, e a Universidade de Harvard. Mark Walport, presidente do Wellcome Trust (o maior financiador de pesquisas médicas do mundo, depois da Fundação Gates), anunciou o lançamento de uma nova revista on-line completamente gratuita: eLife. Já a Harvard convidou sua equipe a publicar todas as pesquisas gratuitamente no site da universidade. A gigante de Boston gasta 3,75 milhões de dólares por ano apenas em revistas científicas.


"Seguir em frente assim não é possível", escreveu o governo da faculdade em seu apelo aos pesquisadores. O negócio da editoração científica chega a 10 bilhões de dólares, com 25 mil revistas especializadas e 1,5 milhões de artigos por ano. Dos quais apenas 20%, antes da Primavera da Academia, podiam ser lidos sem pagar.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos (IHU)
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2 comentários
ALEXANDRE M. T. DE CARVALHO
07/05/2012 17:17
Mais do que "apelo", devemos RECUSAR peremptoriamente a "produtividade acadêmica" que somente interessa a esse mercado da produção científica. Nesse processo mais do que perverso, a extração de mais-valia é infinita. É preciso que recusemos critérios meramente quantitativos em nome de uma produção realmente séria e comprometida com o desenvolvimento humano. Toda e qualquer produção científica deve ser de domínio público! O conhecimento que produzimos não pode ser tratado como mercadoria.
ALEXANDRE M. T. DE CARVALHO
07/05/2012 16:52
Mais do que "apelo", devemos RECUSAR peremptoriamente a "produtividade acadêmica" que somente interessa a esse mercado da produção científica. Nesse processo mais do que perverso, a extração de mais-valia é infinita. É preciso que recusemos critérios meramente quantitativos em nome de uma produção realmente séria e comprometida com o desenvolvimento humano. Toda e qualquer produção científica deve ser de domínio público! O conhecimento que produzimos não pode ser tratado como mercadoria.