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Estudo aponta formigas como vetores de micobactérias

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Publicado em:07/05/2012

Irlan Peçanha

 

Estudo aponta formigas como vetores de micobactériasCom o objetivo de avaliar o potencial de formigas como vetores de micobactérias em um hospital especializado no atendimento de doentes com tuberculose, o Centro de Referência Prof. Hélio Fraga da ENSP foi palco da sessão científica Avaliação de formigas como vetor mecânico de micobactérias em hospital especializado no atendimento de doentes de tuberculose, com palestra ministrada pela doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Ana Paula Macedo Ruggiero Couceiro. O estudo molecular desse trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Referência do CRPHF/ENSP.

 

Segundo Ana Paula, a urbanização desencadeia vários transtornos, como a disseminação de artrópodes e, consequentemente, de doenças veiculadas por eles. As formigas são muito adaptáveis e se beneficiam com a convivência humana. Nos hospitais, elas podem ser vetores mecânicos de inúmeras bactérias, e a diversidade de espécies encontradas nestes ambientes causam preocupação pelo risco potencial à saúde pública. Existem 18 mil espécies de formigas no mundo; no Brasil, são cerca de 2 mil espécies descritas, e 1% delas são consideradas pragas urbanas (saúva, formiga fantasma, formiga cabeçuda e formiga carpinteira).

 

Existem alguns estudos que apontam a diversidade de espécies de formigas em hospitais brasileiros.  Algumas espécies comuns nestes ambientes são atraídas por instrumentos cirúrgicos e material estéril. As formigas são prováveis vetores de microrganismos patogênicos e resistentes a antibióticos. As infecções hospitalares podem ser atribuídas à presença de formigas.

 

Segundo Ana Paula, os motivos que a levaram a estudar as formigas como vetores mecânicos de micobactérias surgiram a partir da infestação intensa de formigas no Instituto Clemente Ferreira, em São Paulo, no ano de 2003 (isolamento espécie M. tuberculosis de formigas Paratrechina longicornis) e a infestação de formigas no laboratório de tuberculose animal do Instituto Biológico – infestação semelhante a do Instituto Clemente Ferreira com a mesma espécie de formiga que isolaram (M. fortuitum-peregrinum e M. smegmatis).

 

Os objetivos específicos do estudo foram verificar a presença e determinar a espécie de formigas encontradas em um específico ambiente hospitalar; verificar a contaminação de formigas com espécies de micobactérias, coletadas em hospital especializado em tratamento de tuberculose e identificar as espécies de micobactérias isoladas a partir de formigas através de métodos de biologia molecular.

 

Para realizar esse estudo foram realizadas seis coletas de formigas em diferentes áreas do hospital, no período de 2009 a 2010 (203 coletas no verão e 44 no inverno), semeadas em meios de cultura Löwenstein-Jensen e Stonebrink para isolamento de micobactérias. As culturas sugestivas foram submetidas à coloração de Ziehl-Neelsen para bacilos álcool-ácido resistentes, identificação por métodos moleculares PRC para o gênero Mycobacterium, (PRA-hsp65 com o par de primers TB11 e TB12 gênero-específico e sequenciamento genético do DNA). Do total de 247 amostras de formigas coletadas e semeadas, 70% das formigas pertenciam à espécie Tapinoma Melanocephalum, 25% à espécie Dorymyrmex sp, 3% à espécie Camponotus sp e 2% à espécie Pheidole sp, dados similares com as pesquisas realizadas em hospitais.

 

Quinze amostras apresentaram bacilos álcool-ácido resistentes de crescimento rápido. Nos métodos moleculares, 12 pertenciam ao gênero Mycobacterium. No PRA-hsp 65, e no sequenciamento genético do DNA, quatro amostras foram identificadas quanto à espécie (duas Mycobacterium chelonae, uma Mycobacterium parafortuitum e uma Mycobacterium murale), quatro micobactérias com resultados idênticos no PRA e não identificadas no sequenciamento e sugestivas de uma nova espécie, e duas amostras não identificadas. Mycobacterium chelonae isolada nesta pesquisa foi previamente descrita como agente causador de abscessos em humanos.

 

Concluindo o estudo, estes dados confirmaram a presença de micobactérias veiculadas por formigas no ambiente hospitalar, representando potencial vetor mecânico destas para pacientes e profissionais de saúde, principalmente em infecções nosocomiais em hospitais.


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2 comentários
ELIANA ROXO
09/05/2012 11:09
Este achado de diversas micobactérias ambientais transportadas por formigas em um ambiente hospitalar de alto risco infeccioso, nos alerta para o potencial desses insetos em outros ambientes, que poderia explicar a origem de alguns surtos de micobacterioses de fonte desconhecida. Como se diz, baratas e moscas todos têm asco. E porque não de formigas também? Eliana Roxo, Pesquisadora Científica
JOSÉ MARCOLINO DA SILVA
07/05/2012 17:23
Assim como a presença de Baratas e de Moscas,firma-se com esse estudo, tambem as Formigas, são vetores mecânicos de microorganismos - Bactérias - em Estabelecimentos Hospitalares. Assim sendo cumpe aos Gestores de Hospitais e simillares se manterem alertos no combate a os insetos acima citados,através de aplicação produtos químicos e/ou biológicos,com ênfase para os biológicos. Jose Marcolino da Silva,Sanitarista