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Projeto estuda vestígios dos remanescentes de escravos sepultados no Cemitério Pretos Novos

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Publicado em:24/05/2010

O projeto Por uma antropologia biológica do tráfico de escravos africanos para o Brasil: análise das origens dos remanescentes esqueletais do Cemitério dos Pretos Novos, Rio de Janeiro, através da análise isotópica de estrôncio, coordenado pelo pesquisador da ENSP Ricardo Ventura Santos (Densp/ENSP/Fiocruz) e financiado pela Faperj, busca realizar uma investigação interdisciplinar sobre a coleção de remanescentes esqueléticos humanos recuperados no referido cemitério, descoberto na década de 1990, no Rio de Janeiro. O estudo bioantropológico do local, com foco na análise isotópica de estrôncio, a ser realizado em parceria com o geoquímico Roberto V. Santos, pesquisador do Laboratório de Geocronologia da Universidade de Brasília, permitirá aos pesquisadores definirem a origem geográfica dos indivíduos.

A pesquisadora do Densp/ENSP/Fiocruz Sheila Mendonça de Souza é uma das integrantes do projeto e explica que o cemitério servia para enterrar escravos supostamente oriundos da África, embora essa informação não seja tão clara historicamente. "O trabalho teve início no final de 2008, com duração de dois anos, e vamos analisar esse material encontrado há mais de dez anos. Através da análise isotópica de estrôncio nos dentes encontrados, pretendemos localizar geograficamente a origem dessas pessoas. Esse processo já foi utilizado em outras pesquisas e resultou na dissertação de mestrado em Saúde Pública aqui da ENSP de Murilo Quintans Ribeiro Bastos – que integra a equipe desse projeto –, com o tema Mobilidade humana no litoral brasileiro: análise de isótopos de estrôncio no sambaqui do Forte Marechal Luz, da qual fui orientadora", revelou. Sheila informou também que a perspectiva dos pesquisadores é aproveitar o material do cemitério e realizar estudos para obter a descrição étnica dessas pessoas, os traumas sofridos, além de informações sobre saúde.

O projeto do Departamento de Endemias faz parte do grupo de pesquisa de paleopatologia do Densp, que têm como objetivo estudar as doenças do passado a partir de recorte de etnicidade, seja em escravos, índios ou outras populações. Outras instituições participantes incluem o Setor de Antropologia Biológica do Museu Nacional/ UFRJ e o Instituto Brasileiro de Arqueologia (IAB), em cujo acervo está localizado o material.

Cemitério Pretos Novos

O sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, localizado na Rua Pedro Ernesto, no bairro da Gamboa, no centro da cidade do Rio de Janeiro, é considerado um dos mais importantes patrimônios históricos da humanidade. Durante a reforma da casa deste endereço, em 1996, os donos encontraram um sítio arqueológico. No local, havia um cemitério secular de negros vindos da África, que não resistiam à viagem e morriam antes de serem comercializados, o então desconhecido Cemitério dos Pretos Novos.

Dentre os 5.563 fragmentos encontrados nas escavações do sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, a análise antropológica e biológica dos ossos não cremados, apesar das condições precárias nas quais foi feito o salvamento, permitiu identificar 28 corpos, em sua maioria de jovens do sexo masculino, com idades entre 18 e 25 anos.

Com informações e imagem do Portal Arqueológico dos Pretos Novos.


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