Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Projetos de Pesquisa

Interdisciplinaridade e interinstitucionalidade na construção do conhecimento em saúde em escolas públicas do município do Rio de Janeiro

3- Objetivos
3.1 - Geral:
Contribuir para a busca de soluções à questão da violência nas escolas, por meio da construção do conhecimento interinstitucional e interdisciplinar em saúde.

3.2 - Específicos:
a) Identificar a percepção dos alunos e dos professores, no que se refere à práxis interdisciplinar e interinstitucional aplicadas no espaço escolar.

b) Observar a práxis das atividades extensionistas veiculadas pelos alunos de licenciatura, em estágio curricular, analisando sua possível contribuição à construção do conhecimento em saúde nas escolas públicas.

c) Conhecer o alcance das atividades extensionistas já existentes no espaço escolar para a promoção da saúde, ou seja, sua potencialidade em proporcionar um ambiente escolar saudável.

4 – Metodologia
Para dar conta de nossos objetivos utilizaremos a metodologia da pesquisa-ação proposta por Michel Thiollent (1988). Esta metodologia supõe uma ação coletiva orientada em função da resolução de problemas ou de objetivos de transformação. Segundo o autor, o tipo de ação ou os procedimentos devem ser escolhidos a partir de um diagnóstico da situação feito com e pelos participantes. Neste sentido, esta primeira etapa de elaboração de diagnóstico será realizada por meio da observação das aulas ministradas pelos extensionistas aos alunos nas escolas estudadas. A segunda etapa estará orientada no sentido de encaminhar as propostas sugeridas pelos docentes, estagiários de licenciatura, discentes e pesquisadores, com o intuito de transformar a realidade em que estão inseridos para tentar resolver os problemas enfrentados.

“A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (THIOLLENT, 1988, p. 14).

Esta metodologia de pesquisa social não exclui a teorização, esta se dá a partir da observação e descrição das situações concretas encontradas durante o processo de pesquisa. Trata-se de estabelecer um constante vai e vem entre empiria e referência teórica. O papel da teoria consiste em gerar idéias, hipóteses ou diretrizes para orientar a pesquisa e as interpretações. Neste sentido, os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas (THIOLLENT, 1988).
Cabe ressaltar que os pesquisadores serão os mediadores e/ou facilitadores deste processo, mas quem vai dar a direção da ação serão os próprios participantes da pesquisa das escolas selecionadas para o estudo. Aos pesquisadores caberá a função de obter informações úteis para o processo de encaminhamento das propostas, registrando e analisando os dados.
O objetivo da pesquisa-ação consiste em resolver ou, pelo menos, em esclarecer os problemas da situação observada. Mesmo quando não se vislumbra soluções ao curto prazo, o objetivo é tornar mais evidente, a todos os envolvidos, a natureza e a complexidade dos problemas considerados, fazendo avançar o debate acerca das questões abordadas (THIOLLENT, 1988).
A pesquisa-ação tem sido concebida como metodologia de articulação do conhecer e do agir, isto é, do conhecimento com finalidade prática para intervenção em situações reais (THIOLLENT, 1988). Daí a importância de se considerar o saber dos atores sociais, pois eles conhecem os problemas e experimentam os riscos aos quais estão expostos. Isto pode contribuir para um aumento do conhecimento científico, uma vez que para os integrantes do corpo discente e docente escolar há um saber-fazer e um entendimento das situações locais que permitem detectar os problemas reais e, assim, ajudar na resolução.
A ciência pós-normal, novo marco teórico-conceitual que se descortina atualmente (FUNTOWICZ & RAVETZ, 1997), também se baseia nestes pressupostos que valorizam outros saberes e práticas, e consideram que o diálogo dos cientistas com estes diferentes saberes pode abrir novas perspectivas de reflexão e ação e engendrar novos ideais para a própria ciência (PALMA & MATTOS, 2001). Esses novos participantes, denominados de “comunidade ampliada de pares”, podem enriquecer os processos de investigação científica, pois conforme Funtowicz & Ravetz pontuam:

“O conhecimento das condições locais ajuda a determinar que dados são consistentes e relevantes, e também a definir os problemas que devem ser alvo das políticas. (...) As pessoas que dependem da solução de problemas que estão ameaçando suas vidas e sustento têm consciência aguçada de como os princípios gerais se materializam em seus ‘quintais’”. (1997, p. 229).

A “saúde”, por exemplo, tem sido estudada unicamente pelo seu viés biológico, que, por longo tempo, foi considerado o único possível. Entretanto, a “saúde” tomada como produto das relações sociais, incorpora uma pluralidade de aspectos que dificultam sua apreensão em termos claros e objetivos.

“Como sistema complexo e incerto, o estudo, a avaliação e o gerenciamento dos riscos à saúde exigem, cada vez mais, a abordagem de outros profissionais, disciplinas e saberes.” (PALMA & MATTOS, 2001, p. 590).

O que também é interessante observar, dentro da discussão sobre o surgimento de novos atores sociais é o modo como eles se constituem em mediadores da problemática urbana. A atuação desses novos atores diz respeito à criação de um novo espaço de discussão sobre o social não circunscrito aos sindicatos ou partidos políticos, mas diretamente ligado a grupos de solidariedade, comunidades organizadas (VELHO e KUSCHNIR, 2001) ou, no caso da presente pesquisa, estudantes em estágio de licenciatura, pesquisadores, docentes e discentes do ensino médio, que são os atores participantes da pesquisa.
Os mediadores, de acordo com os autores citados acima, estabelecem comunicação entre grupos e categorias sociais distintos, podendo atuar como agentes de transformação, na medida em que com o seu ir e vir entre diferentes instâncias sociais transitam com informações e valores. Os autores ressaltam que sem dúvida há mediações que simplesmente mantém o status quo, num processo de controle de informações e preservação de valores (VELHO e KUSCHNIR, 2001). Seria o caso do docente que segue as tradicionais estruturas curriculares e suas divisões em departamentos e disciplinas, entre outros. Mas nas metrópoles contemporâneas, há diversos exemplos que ilustram a dimensão mais dinâmica da mediação, onde podem ser inseridos atores que atuem na construção do conhecimento interdisciplinar e interinstitucional, apresentando elevado grau de consciência, que é manifestado por meio de projetos claros de atuação.
Estes pressupostos teóricos servirão como base para a reflexão, que empreenderemos ao longo desse estudo acerca da relação entre a pesquisa social e seu alcance na transformação prática da realidade.

4.1 Criação do cenário a ser investigado
A criação deste cenário está fundamentada na interinstitucionalidade e na interdisciplinaridade direcionadas à construção do conhecimento em saúde, no ambiente de escolas públicas no município do Rio de Janeiro. Isso implica nas seguintes etapas:
1. Definição das escolas públicas para a realização de atividades interdisciplinares, que obedeçam aos seguintes critérios:- estejam situadas em bairros onde existe população de baixo poder aquisitivo; - apresente estagiários de licenciatura; - haja predisposição da direção e comunidade escolar para a execução do projeto.
2. Composição de equipe técnica interdisciplinar em saúde.
3. Inserção de estagiários de licenciatura das áreas que compõem o campo da saúde coletiva.
4.Conjugar ações extensionistas e acadêmicas na perspectiva da construção do conhecimento interdisciplinar nas escolas.
5. Execução das ações planejadas em cada escola, garantindo suas particularidades.
6. Avaliação do processo.

4.2 Coleta de dados
As principais técnicas de coleta de dados a serem utilizadas serão: observação participante; entrevista semi-estruturada e grupo focal.
Referente à observação participante, respalda-se em Minayo (1994) que a entende como uma forma de captação de elementos sem moldura prévia, dando margem ao que é emergente no contexto de uma experiência sócio-grupal.
A entrevista semi-estruturada (TRIVINOS, 1987) é uma tipologia de entrevista que combina perguntas fechadas e abertas, e que permite ao entrevistado discorrer sobre o tema sugerido.
A técnica “grupo focal”, segundo Gatti (2005), corresponde a um grupo de pessoas selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e comentar um item, que é objeto da pesquisa, a partir de sua experiência pessoal.
A técnica de grupo focal terá como participantes os professores das escolas, os alunos de licenciatura e os alunos das escolas, além dos pesquisadores. Em cada um deles haverá mescla de sexo, sendo dois grupos de discentes, um em cada turno (manhã e tarde), compostos somente por adolescentes. Da mesma forma para com os professores, que deverão incluir os alunos de licenciatura em estágio curricular.
A técnica “observação participante” será a fonte de conteúdos emergentes a partir da observação das aulas em andamento ministradas pelos alunos de licenciatura. Ressalta-se que os profissionais (estagiários bolsistas e discentes em atividades complementar) terão em mãos, diário de campo para anotações sobre aspectos relativos ao objeto de estudo.
Tendo-se em conta o dinamismo flexível que esse tipo de pesquisa requer, de forma complementar acrescenta-se encontros avaliativos com os representantes das instituições envolvidas, tendo nas atas desses encontros fonte de dados qualitativos.

4.3 Analise de dados
Será aplicada a análise de conteúdo na pesquisa qualitativa.

Departamento : DSSA - DEPARTAMENTO DE SANEAMENTO E SAÚDE AMBIENTAL

Responsável : MARTA PIMENTA VELLOSO

Linha de Pesquisa : SAÚDE E TRABALHO

Grupo de Pesquisa : TRABALHO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Subárea de Conhecimento: Saúde Publica

Palavra Chave:
Não informado

Natureza:
PESQUISA

Ano do início: 2011

Ano do fim: 2012

Situação: EM ANDAMENTO

Participantes internos:
Não informado

Participantes externos:
Não informado

Financiamento:

Agência: FAPERJ
Valor Recebido:
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R$ 16,65
Contrato: APQ1

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