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Palestra resgata histórico e aplicabilidade de estudos antropométricos

O pontapé inicial para o trabalho com antropometria na ENSP e sua aplicação durante a história foram os temas que nortearam a palestra do professor titular da Universidade Federal Fluminense e ex-pesquisador da ENSP, Luiz Antônio dos Anjos, na inauguração do Laboratório de Antropometia - uma iniciativa do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana com o Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Sudeste, na segunda-feira (17/03). O palestrante deu uma aula sobre as pessoas envolvidas na aplicação da antropometria, os métodos desenvolvidos durante a história e a necessidade da OMS mudar de posição com relação ao valor fixo do Índice de Massa Corporal (IMC). O áudio e a apresentação estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.

A mesa de abertura foi formada pelo médico Antônio Sérgio, representando a Vice-presidência de Serviços de Referência e Ambiente da Fiocruz; pela coordenadora de pesquisa, Margareth Portela, que representou a direção da ENSP; pelo chefe do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, Hermano de Castro; por Elyne Engstron, que representou a chefia do Centro de Saúde; e pelos responsáveis pelo Laboratório, Denise Barros e Willian Waissman.



Após os discursos, Luiz dos Anjos lembrou que conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes começou na ENSP há vinte anos, quando a fundadora do Cesteh, Ana Tambellini, o pediu para um escrever projeto para a Organização Pan-americana de Saúde sobre um laboratório de avaliação nutricional e fisiológica. De acordo com ele, na época, era necessário convencer as pessoas de que era importante ter um espaço para trabalhar questões relacionadas à nutrição e trabalho.

Em seguida, o convidado afirmou que o objetivo da aula seria falar sobre o histórico da antropometria, abordando as pessoas e os métodos importantes no seu estudo. O tema passou a ter importância no século XV, com o matemático italiano Leone Battista Alberti. De acordo com Luiz dos Anjos, a preocupação dos cientistas era com a beleza, e a antropometria foi uma ferramenta usada para medir o que era belo, ou seja, ajudava a criar instrumentos para medir o ser humano e, a partir daí, expressar o que era belo em esculturas e coisas do gênero. "Alberti foi, aparentemente, o primeiro a fazer uma tabela de freqüências. Além disso, ele também foi o pioneiro a construir os primeiros instrumentos, na era moderna, para medir seres humanos. O que pode ser observado através do seu trabalho é a preocupação com a proporcionalidade das partes do corpo em relação ao todo".

O termo antropometia foi criado a partir de 1672. No entanto, o grande momento da história antropométrica foi o estudo sobre o crescimento humano. Já no século XVIII, segundo Luiz, Conde de Buffon, foi primeiro a realizar um estudo longitudinal. "A partir daí tivemos a primeira curva que existe disponível no mundo sobre o crescimento de uma criança".

Ainda de acordo com o palestrante, a pessoa mais importante para área de antropometria e da saúde pública no século XIX foi o belga Lambert Adolphe Jacques Quételet. Astrônomo, matemático, estatístico e sociólogo; deu significado à curva normal, introduziu os métodos estatísticos nas ciências sociais e realizou inquéritos antropométricos, o que o levou a ser considerado o 'pai da antropometria'. "Ele também se interessava pela beleza, mas sua maior preocupação era com o 'homem médio'. Ele queria ver e usar a estatística para calcular esse homem médio e sua dispersão. Segundo ele, a natureza procurava o homem médio. Ele também é reconhecido como quem descreveu a equação do Índice de Massa Corporal (IMC). É impossível falar em antropometria e não lembrar de Quételet".



Ao falar sobre os momentos importantes nos métodos da antropometria, Luiz dos Anjos citou o International Biological Program (IBP) que, em 1969, produziu um Guia para as medidas em seres humanos, cujo objetivo era fornecer instruções sobre os métodos usados em estudos comparativos de biologia humana de uma forma que fosse adequada para estudos de campo. "Isso era importante porque vários estudos foram feitos no mundo inteiro e se padronizou pela primeira vez como as medidas deveriam ser feitas".

Em seguida, ele apresentou as publicações marcantes sobre os métodos antropológicos e a necessidade de mudar a posição da OMS com relação ao valor fixo do IMC. "Não existe estabelecido o porcentual de gordura corporal que seria adequado para a população geral. No geral, faz-se a amostra de uma população saudável e os valores são sugeridos. Daí, joga-se um valor 20% acima disso e você constata a obesidade. Uma prova de que a questão do IMC não deve ser fixa é isso. Na população asiática, o IMC para sobrepeso é diferente de outras populações, e isso já é aceito pela OMS. Ela já abriu essa brecha para usar valores distintos de IMC para a população asiática, então, se abriu para um tem que abrir para todos. Mesmo assim, o valor não é fixo mesmo para os asiáticos. Para os diferentes países você vai ter valores de IMC como pontos de corte para obesidade diferentes dentro da população. Isso acontece porque há diferenças entre as pessoas, entre grupos de pessoas. Temos indivíduos com pernas longas e curtas, que podem ter índice alto ou baixo, que podem ter estrutura grande ou pequena. Então, não dá para generalizar".

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