Dia da Mulher: ENSP destaca pesquisas da área
Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quinta-feira, 8 de março, o Informe ENSP selecionou pesquisas, diretrizes adotadas e perspectivas sobre o tema, através dos diversos olhares e diferentes focos observados nos estudos desenvolvidos pela Escola voltados para as mulheres. Após décadas de luta por igualdade de direitos e espaço no mercado de trabalho, as mulheres ainda se deparam com violência doméstica, assédio moral e sexual, bem como diferenças salariais gritantes. Com pesquisas que abordam temas como parto e nascimento, uso de tintura de cabelo, câncer de colo uterino, aleitamento materno, entre outros assuntos, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, em suas inúmeras linhas de ação, tem contribuído para a busca por melhores condições de vida e equidade de gêneros.
Para celebrar a data, uma série de ações, coordenadas pela Casa da Mulher Manguinhos - e com o apoio da ENSP -, serão realizadas durante o mês de março, com palestras sobre saúde, oficinas de artesanato e exposições, no evento Mulheresentreespelhoseconquistas. As atividades acontecem até o dia 24 de março e para participar as interessadas devem se inscrever na Casa da Mulher de Manguinhos. Os eventos tiveram início nesta quinta-feira (8/3) e se encerram no dia 24/3 (sábado), quando, a partir das 9h, será realizada a Caminhada pela Paz, seguida por atividades e ações sociais para os moradores de Manguinhos na Leopoldo Bulhões. Serão promovidas esquetes sobre a rotina diária da mulher, palestras sobre saúde (DST's/Aids, beleza bucal, saúde ginecológica), oficina de eco artesanato, beleza, nutrição e rodas de conversa. Além disso, haverá a exposição Não à violência contra a mulher e um passeio cultural à Fiocruz.
Além disso, por meio do Grupo Direitos Humanos e Saúde, a Escola contribuiu efetivamente para a implantação e consolidação do Comitê Pró-Equidade de Gênero, enquanto desdobramento da adesão da Fiocruz ao Programa Nacional Pró-Equidade de Gênero, realizada em maio de 2009, bem como na promoção de diversos cursos sobre o tema Gênero, Saúde e Violência. Além do Comitê, a ENSP contribui também com pesquisas voltadas para a saúde das mulheres e sua reprodução. O projeto de âmbito nacional 'Nascer no Brasil: inquérito sobre parto e nascimento', por exemplo - que teve início em fevereiro de 2010 - tem como principal objetivo conhecer as complicações maternas e as dos recém-nascidos, de acordo com o tipo de parto no país. Para isso, já entrevistou 92% da amostra, revelando também que 53% dos partos no Brasil são cesáreos, com prevalência nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Confira abaixo algumas pesquisas sobre as mulheres realizadas na ENSP:
Projeto Nascer no Brasil: inquérito sobre parto e nascimento
O projeto, de âmbito nacional, que teve início em fevereiro de 2010, tem como principal objetivo conhecer as complicações maternas e as dos recém-nascidos, de acordo com o tipo de parto, no País. Para isso, já entrevistou 92% da amostra, revelando também que 53% dos partos no Brasil são cesáreos, com prevalência nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Com 22 mil mulheres entrevistadas - das 24 mil mulheres que representam 100% da amostra - , o projeto Nascer no Brasil: inquérito sobre parto e nascimento esteve representado em 191 municípios e 266 diferentes estabelecimentos de saúde. Foram entrevistadas 90 mulheres em cada instituição de saúde nas categorias pública, privada e mista (que atende pelo SUS e particularmente). Participaram da pesquisa aquelas que realizaram mais de 500 partos por ano. Todos os Estados brasileiros foram contemplados na amostra.
O projeto Nascer no Brasil: inquérito sobre parto e nascimento foi demandado pelo Ministério da Saúde ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que abriu edital público para sua realização. Um grupo de pesquisa, coordenado pela pesquisadora Maria do Carmo Leal, do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da ENSP, composto por diversas instituições universitárias, o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), foi o contemplado. Além disso, o projeto recebeu suporte do Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-ENSP), organizado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que contemplou a coordenadora do estudo pela terceira vez no edital Cientista do nosso Estado.
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Pesquisa associa tintura de cabelo à leucemia infantil
A utilização de tintura de cabelo por mulheres grávidas pode trazer alguma consequência ao bebê? Em sua dissertação de mestrado no Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP, o biólogo Arnaldo Couto analisou uma possível associação entre o uso de produtos de tintura e alisamento de cabelo durante a gravidez e o desenvolvimento de leucemia aguda em menores de dois anos. A investigação encontrou evidências sugestivas de uma possível associação entre o uso de tintura/alisamento de cabelo no período inicial da gravidez e o desenvolvimento de leucemia aguda em lactente, com uma estimativa de risco duas a três vezes mais elevada em gestantes que se expuseram àqueles cosméticos durante o 1º e 2º trimestres da gravidez.
Exposição parental a tinturas e produtos de alisamento de cabelo e leucemias agudas em lactentes foi o título da dissertação, premiada pela Sociedade Brasileira de Cosmetologia como o melhor estudo na área de Cosmetotoxicologia, durante o XVII Congresso Brasileiro de Toxicologia realizado em Ribeirão Preto/SP. O estudo foi orientado pelo pesquisador da ENSP e coordenador da Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente (SPMA), Sergio Koifman, e pela pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer Maria do Socorro Pombo-de-Oliveira. Também contou com a colaboração acadêmica de Jeniffer Dantas Ferreira e Ana Cristina Rosa, ambas alunas do doutorado em SPMA da ENSP.
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Inova-ENSP vai ampliar pesquisa sobre câncer de colo uterino
O câncer de colo de útero é a primeira causa de câncer em mulheres nos países em desenvolvimento. No ano de 2010 houve ocorrências de mais de 18 mil novos casos no Brasil. No Rio de Janeiro, as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que em torno de 23 mulheres, de cada 100 mil, venham a adoecer anualmente por esse tipo de câncer. Para ampliar a compreensão sobre as causas e mecanismos associados ao processo de enfrentamento da doença vivenciado por mulheres, está sendo realizada, na ENSP, a pesquisa 'Qualidade de vida subsequente ao tratamento do câncer de colo uterino', agora contemplada no Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-ENSP). Vale lembrar que o câncer de colo de útero é facilmente detectado por meio do exame citológico Papanicolau.
O estudo, coordenado pela pesquisadora Rosalina Koifman, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola, começou a ser desenvolvido com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e, agora, foi contemplado no Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-ENSP) para o período de 2010-2013. Rosalina destacou que esse tipo de câncer tem cura quando descoberto na fase inicial, período em que a sobrevida é de 100%. "O Rio de Janeiro apresenta um número considerável de casos. Somente na unidade do Inca, voltada especificamente para o tratamento de câncer de colo uterino, foram registrados 696 casos novos em 2009, não contando os casos registrados em clínicas particulares e outros hospitais", disse ela.
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Estudo analisa aleitamento materno em unidades de saúde do RJ
Analisar a associação entre ações de promoção, proteção e apoio à amamentação realizadas em unidades básicas de saúde (UBS) e a prevalência de aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida foi o objetivo do estudo que aconteceu em unidades básicas de saúde do município do Rio de Janeiro. O trabalho foi coordenado por pesquisadores da ENSP/Fiocruz, como Carla Lourenço Tavares de Andrade, e da Universidade Federal Fluminense, como Rosane Siqueira Vasconcellos Pereira, Maria Inês Couto de Oliveira e Alexandre dos Santos Brito. Entre os resultados, a equipe constatou que a prevalência de aleitamento materno exclusivo diminuiu 17% a cada mês de vida do bebê, e os grupos de apoio à amamentação e a orientação sobre seu manejo contribuíram para o aleitamento materno exclusivo na atenção básica.
O trabalho parte da afirmação de que a amamentação tem desempenhado um papel importante na saúde da mulher e da criança, além de ser considerado o padrão ouro na alimentação do lactente e o crescimento e desenvolvimento da criança amamentada. Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a adotar como recomendação o aleitamento materno exclusivo por seis meses.
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Aborto legal: um debate ético entre médicos e juízes
Uma menina de 12 anos, grávida de gêmeos, resultado do estupro do tio, foi encaminhada para uma unidade de saúde credenciada para fazer o aborto legal. Porém, ao chegar lá, acabou sendo levada pelos médicos que a atenderam para a Justiça, que deveria decidir se ela poderia ou não realizar o procedimento. Esse foi o estudo de caso apresentado pela pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) e da UnB, Débora Diniz, no Centro de Estudos da ENSP de 11 de maio de 2011, que debateu a objeção de consciência e aborto. Segundo a expositora, o conflito moral e o não atendimento prestado foram os principais obstáculos até que a criança conseguisse realizar a intervenção, levantando um debate ético entre médicos, promotores e juízes. O Ceensp teve, ainda, como debatedora convidada a pesquisadora da ENSP Maria Helena Machado.
Débora Diniz abordou o tema do Centro de Estudos a partir da pesquisa realizada sobre essa experiência. Segundo a antropóloga, sob a alegação de que a sobrinha não tinha o mesmo sangue que o dele, por ser ela adotada, o tio se achou no direito de abusar sexualmente da criança de 12 anos, que acabou engravidando quatro meses após sua primeira menstruação. Levada pela família a uma das unidades de referência para fazer um aborto legal, a menina não teve o procedimento realizado porque os médicos e enfermeiros que a atenderam ficaram temerosos, por se tratar de uma gravidez de gêmeos. "A principal preocupação da equipe não foi com a saúde da criança, e sim porque ela estava gestando dois fetos, algo inédito para aquela unidade, sendo este o motivo da não realização do aborto", afirmou.
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Fiocruz recebe Selo Pró-Equidade de Gênero em cerimônia em Brasília
O Programa Pró-Equidade de Gênero é uma iniciativa do governo federal, que, por meio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM) e do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, reafirma os compromissos de promoção da igualdade entre mulheres e homens. "Ganhar esse selo significa que estamos dando conta da tarefa. Mas ainda precisamos mobilizar os trabalhadores, pois todos devem abraçar a causa para que sejamos, de fato, vitoriosos", enfatizou a ex-coordenadora do Comitê Pró-Equidade de Gênero da Fiocruz, a pesquisadora da ENSP Maria Helena Barros, sobre a conquista da 3ª edição do Selo Pró-Equidade de Gênero.
O Comitê de Equidade de Gêneros da Fiocruz surgiu de um esforço do Grupo de Direitos Humanos e Saúde (DHIS), da ENSP, após o Seminário de Gênero e Saúde, realizado pelo Dihs, em dezembro de 2008. O comitê é composto por trinta profissionais de várias áreas do conhecimento e já foi coordenado por Maria Helena Barros de Oliveira, que coordena atualmente o Dihs e é pesquisadora titular do Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh). Segundo Maria Helena, hoje, dentro do Comitê Pró-Equidade de Gênero da Fiocruz, existe uma coordenação colegiada, composta por ela, ex-coordenadora e fundadora do projeto, Leila Melo, coordenadora do Comitê desde julho de 2010 (Fiocruz), Elisabeth Fleury (Fiocruz Minas Gerais) e Rita Costa (DHIS/ENSP), o que possibilita dividir o poder e avançar em várias questões.
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