Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Notícias

Notícias

Centro de Saúde recebe alunos de medicina da família

"A Atenção Primária à Saúde que queremos é uma APS integral, efetiva, eficiente, centrada nas pessoas e coordenadora dos cuidados - estratégia para universalidade e garantia do direito à saúde", enfatizou a pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da ENSP, Lígia Giovanella, na cerimônia de recepção dos novos residentes do curso de Medicina da Família e Comunidade do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP). A pesquisadora, que proferiu a palestra Atenção Primária, Medicina de Família e Comunidade: agora mais do que nunca, abordou concepções e objetivos da APS, além de destacar a importância do site da Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde.

O objetivo do site da Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde, segundo ela, é proporcionar a comunicação e articulação entre pesquisadores, profissionais, usuários e gestores da APS no Brasil e promover a melhoria da utilização dos resultados visando à qualificação da gestão da Atenção Primária a Saúde.

O evento, que contou com a participação da coordenadora de Ensino e Pesquisa do CSEGSF, Gisele O'Dwyer, da coordenadora da Residência do Centro de Saúde, Regina Daumas, e do coordenador da Residência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Eduardo Aguilera, foi realizado no salão internacional da ENSP, na quinta-feira (1°/3). Regina Daumas destacou que "os estudantes procuram a residência porque querem se especializar na Atenção Primária, e esta, por sua vez, não é nada fácil; pelo contrário, é muito complexa, pois reúne vários campos". O coordenador da Residência da UFRJ, Carlos Eduardo Aguilera, enfatizou ainda o sucesso na captação de estudantes para o curso, que ofereceu oito vagas e teve todas elas preenchidas. "A Saúde Pública está trazendo de volta para o seu interior, via Medicina da Família, os médicos", apontou Carlos Eduardo.

Dando início à palestra Atenção Primária, Medicina de Família e Comunidade: agora mais do que nunca, a pesquisadora Lígia Giovanella (Daps/ENSP) citou APS de que se necessita não é uma atenção seletiva e focalizada, mas uma estratégia de atenção integral e emancipadora, integrada à rede, para além do primeiro nível. Segundo ela, para isso, é preciso ter eficiência; efetividade; ser centrada nas pessoas e coordenadora dos cuidados; ter participação, ação comunitária e intersetorial para enfrentar determinantes sociais; ter equidade e lançar mão de uma estratégia para universalidade e garantia do direito à saúde. Lígia abordou algumas concepções na área da Atenção Primária, entre elas a de APS seletiva, que é limitada à atenção materno-infantil e doenças infecciosas, focalizado em populações em pobreza extrema, e geralmente de resolutividade restrita.

Outra concepção abordada por Lígia foi o de atenção ambulatorial de primeiro nível, que corresponde aos serviços de primeiro contato do paciente com o sistema de saúde, destinados a cobrir as afecções e condições mais comuns e resolver a maioria dos problemas de saúde de uma população, incluindo amplo espectro de serviços clínicos e, por vezes, ações de saúde pública. De acordo com a pesquisadora ela não é seletiva e é centrada em médicos generalistas (com especialidade em medicina de família e comunidade). A pesquisadora explicou também o conceito de atenção abrangente ou integral, estratégia para organizar os sistemas de atenção à saúde e para a sociedade promover a saúde. "Refere-se a uma concepção de modelo assistencial e de organização do sistema de saúde desenvolvida na Conferência de Alma Ata, em 1978. Inclui entre seus princípios: acesso e cobertura universais com base nas necessidades de saúde e uso de tecnologia apropriada e efetiva; o imperativo de enfrentar determinantes de saúde mais amplos de caráter socioeconômico; ação e coordenação intersetorial para a promoção da saúde e participação da comunidade".

Universalidade e Atenção Primária à Saúde

De acordo com Lígia, a universalidade tem alcançado proeminência no debate internacional desde 2005 (uma resolução da 58ª Assembleia Geral da OMS instou os países a promover cobertura universal) e a APS foi reiterada como estratégia para alcance de cobertura universal. Em seguida, a pesquisadora explicou o lema "APS agora mais do que nunca". Segundo ela, quando se adere ao lema é necessário explicitar a universalidade que se busca e a APS que se quer. Lígia abordou ainda algumas preocupações atuais das reformas de Atenção Primária, entre elas: transformação e regulamentação dos sistemas de saúde existentes, com o objetivo de acesso universal e da proteção social da saúde; resposta integral às expectativas e necessidades das pessoas, alargando o espectro de riscos e de doenças cobertas; equipes de trabalhadores da saúde para facilitar o acesso e o uso apropriado das tecnologias e dos medicamentos, entre outras.

A pesquisadora apontou também a relação entre a Atenção Primária e Medicina de Família e Comunidade. Segundo ela, a APS, com atuação do Medicina de Família e Comunidade, atualmente, é reconhecida como a resposta mais adequada e efetiva aos atuais desafios de morbimortalidade. Lígia destacou também que um grande desafio da Estratégia de Saúde da Família (ESF) é articular adequadamente ações individuais clínicas e preventivas, o atendimento à demanda espontânea e à programada, garantindo atenção oportuna resolutiva e de qualidade, conforme necessidades e expectativas dos cidadãos. "Cada atendimento individual ao caso agudo pela ESF deve ser uma oportunidade para atuar nas prioridades coletivas/ ações programáticas (promocionais e preventivas), momento de identificação de riscos, busca ativa e diagnóstico precoce e no agendamento rotineiro das ações de acompanhamento", destacou a pesquisadora.

Por fim, Lígia Giovanella apontou três desafios da APS: integração da rede de serviços para assegurar a continuidade de cuidados coordenados pela APS; intersetorialidade, articulação com outros setores de políticas públicas para ações que incidam sobre os determinantes sociais e valorização dos profissionais de APS e formação adequada para Atenção Primária. "É necessário desenvolver, em nível local e nacional, estratégias para dar visibilidade ao trabalho e promover a atuação e reconhecimento dos profissionais das ESF. As estratégias de educação continuada com participação de profissionais dos diversos serviços contribuem para aumentar a credibilidade dos profissionais da Atenção Primária em saúde frente aos especialistas, além de superar relações hierárquicas e o isolamento entre atenção básica e especializada", concluiu a pesquisadora.

voltar voltar

pesquisa

Calendário

Nenhum agendamento para hoje

ver todos