ENSP abre ano letivo com campanha contra agrotóxicos
Continuando na perspectiva de ser um campo de debates para a Conferência Mundial Rio+20, a ENSP dará início ao ano letivo de 2012 recebendo o coordenador do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, no dia 14 de março, para proferir a aula inaugural, que terá o tema Contra os agrotóxicos e pela vida. O coordenador, que esteve na ENSP ano passado, falará sobre a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, que tem como objetivo ampliar o debate com a população sobre a falta de fiscalização do uso, do consumo e da venda de agrotóxicos, a contaminação dos solos e das águas, bem como denunciar os impactos dos venenos na saúde dos trabalhadores das comunidades rurais e dos consumidores das comunidades urbanas. A aula inaugural é aberta ao público, não necessita de inscrição prévia e será realizada às 9h30 no auditório térreo da ENSP.
Com a perspectiva de ser um fórum de discussão que promova o comprometimento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, a ENSP pretende participar ativamente fomentando o debate público de temas que estarão presentes nas discussões da Conferência Mundial Rio+20, que será realizada entre os dias 20 e 22 de junho, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Em seu aniversário de 57 anos, comemorado em 2011, a Escola abordou o tema Rio+20: desenvolvimento sustentável, economia verde e erradicação da pobreza. Continuando nessa linha, dará início ao seu ano letivo de 2012 abordando o uso dos agrotóxicos em nosso país. Atualmente, o Brasil é apontado como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.
Em sua vinda à ENSP em dezembro de 2011, João Pedro Stedile proferiu a palestra Campanha nacional contra os agrotóxicos e o contexto político atual e abordou a temática dos agrotóxicos, além de explicar a formação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida. Segundo ele, foi preciso criar uma campanha nacional contra o uso de agrotóxicos que representasse todas as forças progressistas do país. "Conseguimos reunir um leque de forças que nenhuma outra campanha já conseguiu. A partir dos debates, nos demos conta de que a difusão do uso de agrotóxicos no Brasil não tem a ver com uma necessidade agronômica, ela está totalmente relacionada à etapa atual do capitalismo à qual a nossa sociedade está subordinada".
Segundo o coordenador do MST, a ideia da campanha é fazer com que a população entenda que as contradições que existem no modelo do agronegócio podem gerar a construção de outro modelo de produção para a agricultura brasileira. De acordo com ele, é totalmente possível produzir alimentos saudáveis sem utilizar agrotóxicos, fazendo uso apenas da agroecologia. "Ao contrário do que muitos dizem produzir baseado em agroecologia não é mais caro e com certeza é muito mais saudável em todos os pontos", afirmou.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida pretende criar um processo de conscientização da sociedade sobre a ameaça dos agrotóxicos; denunciar e responsabilizar as empresas que produzem e comercializam agrotóxicos; convencer a sociedade sobre a necessidade de mudança do atual modelo agrícola, que produz comida envenenada; criar um espaço de construção de unidades entre ambientalistas, camponeses, trabalhadores urbanos, estudantes, consumidores e todos aqueles que prezam pela produção de um alimento saudável que respeite o meio ambiente; além de explicitar a necessidade e o potencial que o Brasil tem de produzir alimentos diversificados e saudáveis para todos, em pleno convívio com o meio ambiente, com base em princípios agroecológicos. "O principal objetivo da campanha é proibir o uso de agrotóxicos em todo o território brasileiro", destacou Stedile.
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