Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Envelhecimento saudável requer ações intersetoriais

As políticas de gestão e atenção à saúde do idoso no SUS, nas três esferas de governo, foram apresentadas na segunda parte do seminário comemorativo do Dia Nacional e Internacional do Idoso (1º de outubro), realizado na tarde de segunda-feira (3/10), na ENSP. Embora as apresentações abordassem as conquistas, os desafios e a importância da organização dos serviços e da criação de redes de atenção, ficou claro o valor de uma visão holística do envelhecimento, segundo a qual a saúde tem um papel fundamental, mas ao lado de diversas outras áreas, como as de cultura, lazer e urbanismo, por exemplo. Ao final das apresentações, o médico cardiologista, pesquisador da ENSP e pioneiro nos estudos sobre envelhecimento e saúde no Brasil, Mário Antônio Sayeg, falecido em 2007, recebeu homenagem pelo trabalho desenvolvido no campo.

Atual coordenadora da Área Técnica da Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Luiza Machado, afirmou que o objetivo estratégico do Ministério da Saúde em relação ao envelhecimento e à saúde da pessoa idosa busca "promover a atenção integral e integrada à saúde dessa população e dos portadores de doenças crônicas, estimulando o envelhecimento ativo e a prevenção e o controle dos agravos em todos os níveis de atenção". Para ela, falar a respeito do envelhecimento é fundamental, uma vez que a população idosa já abrange 21 milhões de cidadãos no País, assim como é necessário envolver todos os setores da sociedade na discussão do tema, além de fomentar políticas públicas nas três esferas de governo, através de ações de promoção, prevenção e proteção voltadas para a pessoa idosa, capazes de ajudá-las a superar suas deficiências e limitações, contribuindo para a manutenção e melhoria contínua da qualidade de vida.

A palestrante abordou os desafios em relação ao envelhecimento no Brasil, como o baixo nível socioeconômico e educacional, a alta prevalência de doenças crônicas causadoras de limitações funcionais e incapacidades, além do consumo de mais de 26% dos recursos de internação hospitalar no SUS. Em seguida, comentou as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e apresentou ações estratégicas do Ministério da Saúde, como a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, o Caderno de Atenção Básica sobre Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, o Guia Prático do Cuidador, além de cursos de capacitação em envelhecimento da pessoa idosa, criados em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública e oferecidos pela Educação a Distância da ENSP (EAD).

Envelhecimento requer atuação conjunta

Na apresentação seguinte, Rejane Laetta, da Área Técnica de Saúde do Idoso da Secretaria Estadual de Saúde, quantificou a população idosa do estado do Rio de Janeiro e apresentou algumas políticas de saúde. Com uma população de aproximadamente 16 milhões de pessoas (Censo 2010), o estado do Rio de Janeiro conta cerca dois milhões de idosos. De acordo com ela, um dos grandes desafios do estado consiste em organizar uma linha de cuidado integral (promoção, prevenção, tratamento e reabilitação), integrada (rede) e integradora (meio).

A palestrante afirmou que a Secretaria Estadual busca fornecer suporte às secretarias municipais de Saúde na implementação das ações e na estruturação de programas de saúde do idoso, além do desenvolvimento de recursos humanos para atender às especificidades da população idosa. Também ressaltou a importância da atuação conjunta de diversos campos em relação à saúde do idoso. "Fazemos parte de secretarias de Saúde, estamos em uma instituição de Saúde, mas só esse campo não é suficiente para atender às necessidades do envelhecimento. Idoso precisa de lazer, transporte, espaços físicos adequados", admitiu.

Ao falar sobre as condições de saúde do idoso do município do Rio de Janeiro, Germana Perissé, da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC), apresentou o resultado da 1ª Pesquisa sobre Condições de Vida e Saúde dos Idosos da Cidade do Rio de Janeiro (2006), segundo o qual 91% dos idosos cariocas declararam ter pelo menos uma doença crônica. Segundo ela, a área programática da cidade que mais reúne essa população é a 2.1, que compreende os bairros da Zona Sul, com 23,1% de idosos. Germana abordou ainda a expansão do programa Saúde da Família no município e falou sobre a qualificação dos serviços para idosos, como a Casa de Convivência e Lazer para Idosos Carmem Miranda, a Clínica da Família Felippe Cardoso e a Academia Carioca.

Mário Sayeg: uma nova visão sobre o envelhecimento da população

Dizendo-se uma defensora da atenção primária em saúde (APS), Elyne Engstron, coordenadora do Teias-Escola Manguinhos, falou sobre a experiência do Teias, que faz parte da reestruturação da Rede de Atenção Primária em Saúde na região. Ela descreveu ações relacionadas à saúde do idoso na região de Manguinhos, destacando as ações de educação permanente junto às equipes, além da utilização de ferramentas clínicas, como a Caderneta do Idoso, a ficha clínica específica para o Saúde da Família, bem como o trabalho com a assistência farmacêutica. O último palestrante do dia, o professor Edgar Nunes de Moraes, do Departamento de Clínica Médica da UFMG, falou sobre a gestão da Clínica e do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI).

Após as apresentações, o médico cardiologista e pesquisador da ENSP Mário Antônio Sayeg, pioneiro dos estudos sobre envelhecimento e saúde no Brasil e fundador do Programa de Atenção à Saúde do Idoso (Pasi) da ENSP, recebeu homenagem in memoriam sobre sua atuação no campo. Os depoimentos relataram aspectos particulares da vida de Sayeg, além de destacar seu lado generoso e sua contribuição para o campo da saúde pública.


O atual coordenador do Escritório da Fiocruz na África e ex-coordenador da Área Técnica da Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, José Luiz Telles, coordenou a apresentação e participou dos depoimentos, que também contou com a participação do ex-ministro da Saúde e atual diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags), José Gomes Temporão; do diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho; Antenor Amâncio, Maria Helena Machado e Marluce de Oliveira, todos do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps/ENSP); a pesquisadora do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria Leila Rasina Mendes; Silvia Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG); e Ligia Py, do Conselho Consultivo da SBGG.

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