Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Teias-Escola Manguinhos: modelo para articular território e cidade

Aumentar a participação comunitária na realidade territorial de Manguinhos e fazer com que a atenção primária em saúde trabalhe com os marcos da promoção da saúde e da intersetorialidade foram os focos do primeiro dia de atividades do seminário Pesquisa e Formação na Ação: todos somos aprendizes, realizado na quarta-feira, 17 de novembro, no auditório térreo da Escola. Para a mesa de debates da atividade foram convidados os pesquisadores Marcelo Firpo (ENSP/Fiocruz), Laura Tavares (UFRJ) e Nísia Trindade (COC/Fiocruz), que abordaram temáticas da saúde através de conceitos sócio-ambientais, históricos e de construção da cidadania, respectivamente.

A pró-reitora de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laura Tavares, foi a primeira a se apresentar. Sua exposição destacou a importância de que projetos como o Teias - Escola Manguinhos se transformem em políticas públicas permanentes e promovam a articulação entre o território e a cidade. "Temos de repensar o modelo atual de saúde nas cidades. Será que o grau de morbimortalidade urbano comporta o atual modelo de atenção primária em saúde?", argumentou a pesquisadora.

Outro ponto destacado por Laura Tavares foi que não dá para pensar a pobreza apenas pelos indicadores de renda. "Temos de levar em conta a acessibilidade das pessoas aos serviços públicos e diminuir as desigualdades metropolitanas", disse. Para a pró-reitora, o país precisa acabar com a ideia de programas para pobres e não pobres, e afirmou que os programas de transferência de renda têm pouca resolubilidade nas regiões metropolitanas. "Um somatório de fragmentos não resulta em políticas públicas para a sociedade. Não dá para os governantes criarem programas pobres para pobres", destacou.

Em seguida, foi a vez da pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Nísia Trindade abordar o papel da saúde como um esforço civilizatório para o Brasil. Ao apresentar uma caricatura do início do século XX retratando Rui Barbosa em uma caravela olhando para o Brasil, além do personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, Nísia Trindade explica que a imagem denunciava o atraso em que vivia o sertanejo brasileiro. "A ideia do sertão se contrapunha ao espaço civilizatório brasileiro, e a saúde pública não chegava até ele", ressaltou. Segundo a socióloga, a saúde no país passa a ter forte ênfase de direitos sociais a partir da década de 50, quando a discussão democrática começa a focar em uma educação sanitária.

Encerrando o primeiro dia de exposições, o pesquisador da ENSP/Fiocruz Marcelo Firpo tratou do tema de justiça ambiental falando sobre as lutas populares pelos direitos sociais e humanos, da qualidade coletiva de vida e da sustentabilidade ambiental. O pesquisador lembrou que não existem problemas ambientais puros, uma vez que são cada vez mais complexos e estão relacionados com o meio social. "É impossível não pensar mais a relação local/global como uma questão estratégica para a vida das pessoas, pois é onde ocorrem as relações sociais", afirmou. Para Firpo, o pesquisador tem de trabalhar cada vez mais junto com a população e não apenas ficar pensando em políticas. "É preciso incorporar o saber popular ao saber científico para construir uma saúde que enfrente o déficit democrático existente hoje no mundo", concluiu.

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