Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Notícias

Notícias

Debate sobre formação do nutricionista encerra evento

A mesa-redonda O diálogo da alimentação e cultura na formação do nutricionista encerrou as atividades do III Simpósio em Alimentação e Cultura. O debate contou com a presença da professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Madel Luz, que falou sobre "Dilemas do paradigma biomédico", e da professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Vera Lúcia Xavier Pinto, falando sobre "A reforma curricular em Nutrição: a experiência da UFRN". A mesa-redonda, que contou com a coordenadora da Rede A&C, Denise Oliveira e Silva como debatedora, teve como objetivo discutir a formação em Nutrição.

A professora Madel Luz iniciou sua apresentação abordando questões fundamentais sobre os dilemas do paradigma biomédico no campo da nutrição, alimentação, comida e cultura. Segundo ela, a questão cultural do comer, nutrir-se e alimentar-se implica distintos sentidos e significados, e as tensões, geradas no campo da nutrição em função destes, implicam outros campos ou saberes. Madel destacou também as ciências sociais no campo da nutrição: a antropologia, a sociologia, a história.

De acordo com a professora, "a noção de dilema supõe uma tensão dramática de opção entre duas propostas igualmente importantes, porém contraditórias. As tensões internas do campo biomédico se situam no nível de sua racionalidade (prática), e as tensões da biomedicina inerentes a seu paradigma podem ser vistas também como contradições entre arte e ciência, ou teoria e prática".

Para ela, existem três tipos de irrupções das ciências humanas na nutrição. A irrupção teórico-conceitual (as teorias e o paradigma interpretativo das ciências humanas versus o paradigma da causalidade das biociências); a irrupção metodológica (o trabalho de pesquisa em nutrição com instrumentos metodológicos das ciências sociais) e a irrupção no nível dos saberes sobre a alimentação (horizontalização dos discursos sobre o comer e a comida).

Por fim, Madel destacou "as possibilidades de contribuição da nutrição para o campo da saúde destacando a convivência com conhecimento e práticas, a interculturalidade com sistemas tradicionais de alimentação integrando saberes consolidados, a luta por uma alimentação sadia, isto é, portadora de vida e saúde nos espaços sociais, onde possa intervir sobretudo no campo da saúde e maior atenção aos saberes populares sobre alimentação".

A formação dos nutricionistas com ênfase no diálogo da alimentação e da cultura

Em seguida, a professora da UFRN Vera Lúcia Xavier Pinto destacou que, para a formação do nutricionista com ênfase no diálogo da alimentação e da cultura, é necessário focar na formação e no diálogo para um caminho em busca de novos olhares. Segundo ela, existe um conhecimento perigoso na formação do nutricionista, este, por sua vez, é aquele que não quer religar saberes, articular conhecimentos e promover uma nova postura do sujeito diante deles, fomentando assim o preconceito e a exclusão de pessoas e de novas ideias.

De acordo com Vera, é fundamental lançar um olhar sobre o diálogo. "O diálogo é mais uma participação, na qual não jogamos uns contra os outros, mas com cada um deles. No diálogo, todos vencem", ressaltou ela. Dando continuidade, a professora falou sobre a experiência da grade curricular da UFRN apontando as ementas das antigas e novas disciplinas do curso de Nutrição da universidade.

Por fim, Vera citou José Paulo Paz com a frase: "Cultura não é acumulação de informação, é assimilação de informação, é tudo aquilo de que a gente se lembra após ter esquecido o que leu. A cultura se revela no modo de falar, de sentar, de comer, de ler um texto, de olhar o mundo. É uma atitude que se aperfeiçoa no contato com a arte. Cultura não é aquilo que entra pelos olhos, é o que modifica o seu olhar."

voltar voltar

pesquisa

Calendário

Nenhum agendamento para hoje

ver todos