Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Projeto sobre alimentação saudável da ENSP em destaque na imprensa

O trabalho desenvolvido pela Associação Terrapia do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz) foi tema de uma reportagem no domingo (1/8) no Diário do Nordeste. O texto ressalta os benefícios que o alimento vivo promove nos corpos e nas vidas das pessoas através de vivências e aborda a importância de cada indivíduo ser responsável pelos cuidados de seu corpo, de sua alimentação, bem-estar e vida.



Sementes de novas vidas

1/8/2010

Alimentação viva com germinados, altera a química do corpo e recupera o ritmo primordial

Um verdadeiro quebra-cabeças para os médicos da área endócrino-metabólica se configurou de forma acentuada após estudos recentes terem revelado algo surpreendente: oito em cada dez pessoas pesquisadas que se encontravam acima do peso estavam desnutridas.

Esta informação tornou o combate da obesidade, problema que afeta grandes parcelas da população em todo o mundo, algo difícil de ser equacionado. Há tempos se entende que não só a obesidade ou a desnutrição, mas inúmeros outros agravos (alguns severos) acometem quem opta por uma alimentação inadequada, monótona e sem energia vital. Uma extensa lista de doenças decorre de excessos praticados à mesa e, sobretudo, de escolhas alimentares sem critério, conhecimento e consciência.

A hipoglicemia, por exemplo, um desses problemas em que a medicina não conseguiu ainda tratar de forma satisfatória, tirou por completo as forças da médica Maria Luiza Branco Nogueira, ao ponto de não conseguir sequer levantar da cama. Já sem qualquer esperança de uma saída, a luz no final do túnel surgiu quando sua irmã, a professora de design da PUC do Rio de Janeiro, Ana Branco, orientou-a a adotar uma prática que lhe chegou por intermédio do livro "Você Sabe se Alimentar", do Dr. Soleil (Editora Paulus) oferecido por uma de suas alunas, quando ela própria também esteve muito doente.

Ex-churrasqueiro

A mudança alimentar no ano 2000, de modo similar, foi a chave para a saúde de Geraldo Pereira Guimarães, em suas próprias palavras, um verdadeiro caminho de retorno para dentro de si mesmo. Optou pelo vegetarianismo e há três anos deu um passo além, ao aderir ao crudivorismo, que tem por base os alimentos vivos, como sementes germinadas, frutas e legumes, ingeridos crus e frescos. Para o instrutor de Yoga, que admite já ter sido em "outra vida" churrasqueiro, é uma alimentação que fornece muita vitalidade e tem potencial não só de nutrir mas de recuperar por completo a saúde.

Geraldo é um dos colaboradores voluntários do projeto Terrapia, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (RJ), coordenado pela médica Maria Luíza Branco. Ambos estiveram em julho em Fortaleza, ministrando um seminário de Alimentação Viva nos moldes do que é proposto no Terrapia, ou seja, do de propagar os benefícios que o alimento vivo promove nos corpos e vidas das pessoas através de vivências.

A médica cearense Fátima Uchoa foi a responsável pela vinda de Maria Luíza para o Ceará. Para ela, uma forma prática de agradecer e propagar os benefícios que o alimento vivo trouxe à sua vida.

Maria Luíza revela que, após sua recuperação e renovação de suas forças com esta alimentação, mudou seu enfoque médico. Na Fiocruz, sua experiência pessoal possibilitou a implantação da primeira horta comunitária em um posto de saúde no Brasil, iniciativa hoje presente em vários países. As sementes têm potencial de regeneração celular, esclarece a médica que hoje atua na promoção da saúde.

Alimentos vivos que regeneram

À primeira vista, parece apenas uma forma de tratar a saúde de forma rápida, barata e eficiente, seguindo o princípio hipocrático de fazer do alimento o próprio medicamento. Nos últimos anos, contudo, um conceito novo e abrangente desponta, no tocante à ecologia, sustentabilidade e prática da cura em si.

"Hoje, já não falamos mais em prevenção, mas sim em promoção à saúde. Não nos vemos como médicos que cuidam de doenças e aliviam sintomas. Nosso propósito é promover a saúde e, para isso, ensinamos cada um a ser responsável pelos cuidados de seu corpo, de sua alimentação, seu bem-estar e sua vida".

Simples demais? Decerto que sim. No entanto, mexe com conceitos socialmente muito sedimentados, uma vez que trata não somente de mudanças alimentares mas, sobretudo, de mudança profunda no estilo de vida a qual todos os médicos sabem muito bem, é o principal responsável pelo adoecimento.

Vitalismo

Três conceitos ficaram muito fortes d o seminário de Alimentação Viva para a bacharel em Direito, Márcia Novaes, que sempre se interessou pela vida saudável e as terapias complementares. Ela conta que apreciou o formato de laboratório para experiências de germinação de sementes e preparação da comida viva e suco verde. O primeiro se refere à separação do lixo, que ela já fazia mas de forma diferente. "Apesar de recebermos muita informação, conseguimos entender bem o princípio do vitalismo, ou seja, os alimentos a partir de sua energia vital. Isso não só nos proporciona saúde como regenera e reverte até quadros graves de processos de adoecimento".

A prova viva é a própria médica carioca, Maria Luíza Branco, que além de ter se curado do problema no pâncreas que a levou há 14 anos atrás a desenvolver hipoglicemia crônica, incluindo a perda da visão de um dos olhos, quadro revertido algum tempo depois. Para ela, não se trata de um mero descortinar de realidade: "estou convicta de que o alimento vivo oferece a cada organismo a possibilidade resgatar sua capacidade natural de regeneração", diz, admitindo que hoje se sente médica, uma vez que a essência da medicina é ajudar cada um a despertar o seu médico interno, respeitando e dando condições d e seus processos naturais de cura de atuarem.

Para entender o que Maria Luíza sinaliza para todos os que fazem seus seminários, basta uma rápida checagem em tudo o que de espetacular foi descoberto pela ciência e desenvolvido pela tecnologia a ponto de levar o homem a viver quase 100 anos, embora com um desgaste enorme em sua energia vital.

O cabedal de conhecimentos e condições alteraram a espera pelos processos naturais. Encontramos na modificação e redução da permanência no escuro e a passagem das horas de sono, com o advento da energia elétrica e os múltiplos aparelhos eletrônicos, um exemplo claro disso. O tempo se acelerou a partir do preenchimento das noites com atividades. Os serviços 24 horas aparecem com a criação de novas necessidades, junto à ágil rede internacional de computadores, que se propõem a suprir rapidamente todos os desejos.

Ritmo essencial

As doenças contemporâneas, decorrentes desse "self service" existencial sinalizam a obstinação de se viver de forma acelerada e fora dos ritmos naturais, apontam médicos como Fátima Uchoa. O alimento vivo desperta para o resgate do ritmo primordial que considera e respeita os processos que fundamentam a própria vida, pois é contraprodutivo tentar corromper a lei do ritmo de expansão e contração.

Voltar ao ritmo de preparação do próprio alimento foi uma experiência feliz para a psicóloga e professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), Cláudia Jardim, que desde o começo do ano se propôs a estudar o alimento vivo e já germinava sementes quando decidiu fazer o seminário de Maria Luíza. "Com o corre-corre, tinha parado mas já voltei a germinar os grãos. O seminário motiva e fortalece um ponto importante que é nossa vontade".

Destaca que aprendeu a fazer o suco verde no liquidificador (antes fazia na centrífuga), algo simples e prático, confirmando que já vem sentido o resultado em seu próprio organismo com a introdução desses alimentos vivos na dieta da família: mais vitalidade com menos alimentos ingeridos. Empolgada como Maria Luíza e Fátima Uchoa, Claudia se disponibilizou a repassar esses conhecimentos às suas amigas, pois o alimento vivo está além da saúde, abrange a sustentabilidade de nosso planeta azul.


Sobre o Terrapia:

Terrapia é um projeto de alimentação viva que tem por objetivo a difusão dos princípios e hábitos de vida ecológica. Por meio das práticas cotidianas, desenvolve-se um modo de olhar o próprio corpo como ecossistema e meio de participação na preservação ambiental. Desde 1997, vem contribuindo para o caminho da promoção da saúde fortalecendo a aliança entre saúde, ambiente e alimentação. Os frequentadores são aqueles interessados na alimentação viva e na aproximação com o ambiente natural, sejam moradores, visitantes ou trabalhadores de Manguinhos, no Rio de Janeiro.

O projeto desenvolve orientação na produção doméstica de sementes germinadas e brotos, atividades para o desenvolvimento de habilidades da culinária viva, sem uso do fogão ou geladeira, incluindo as folhas não cultivadas comestíveis, identificadas na horta, contribuições ambientais na vida cotidiana doméstica (compostagem dos resíduos, escolha de materiais de higiene, de utensílios e de uso pessoal), conversas sobre práticas naturais de cuidados com o corpo e apoio virtual no site e blog.

Contatos:
Telefone: 2598- 2659 (3ª, 4ª e 5ª).
Site do Terrapia www4.ensp.fiocruz.br/terrapia
Email: terrapia@ensp.fiocruz.br .
Local: Centro de Saúde Escola - Rua Leopoldo Bulhões 1480, térreo, Manguinhos (em frente ao antigo Canal Saúde).

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