Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Estudo avaliará estratégia de busca passiva de novos casos de tuberculose

Iniciado em 2009, estudo realizado pela UFRJ em parceria com o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP) vai analisar o impacto da implantação de estratégia inovadora de busca passiva de novos casos de tuberculose pulmonar em área de alta prevalência da doença. A pesquisa foi apresentada pela pneumologista Michelle Cailleaux, da UFRJ, em sessão científica realizada pelo Centro de Saúde Escola, na qual também foram debatidos outros estudos e formas de tratamento para reduzir o abandono do tratamento.

A pneumologista Michelle Cailleaux apresentou vários estudos em curso na instituição, que busca modificar a atual metodologia para detectar e tratar a tuberculose. Um deles compara um tratamento com rifapentina/isoniazida semanalmente por três meses com a medicação diária de isoniazida por nove meses. Para a pneumologista, reduzir o tempo de tratamento poderia levar a uma diminuição no abandono.

Em relação ao estudo realizado em parceria com o Centro de Saúde Escola da ENSP, intitulado "Impacto da implantação de estratégia inovadora de busca passiva de tuberculose pulmonar em uma Unidade Primária de Saúde na detecção de novos casos em uma área com alta prevalência da doença", foi feita uma triagem com 835 pacientes e 14 foram incluídos no universo final da pesquisa. Desses, apenas um caso foi confirmado como sendo de tuberculose, de acordo com Michelle, que coordena a pesquisa.

A proposta, segundo ela, é reduzir o tempo para início do estudo da doença. Atualmente, o Ministério da Saúde sugere que esse estudo seja feito com pacientes que apresentem tosse por mais de três semanas. De acordo com a pesquisadora, "o ideal é reduzir esse tempo para uma semana, pois o paciente pode se enganar quanto ao tempo da tosse e, assim, não entrar nos estudos da tuberculose, mesmo com a possibilidade de estar com a doença". O projeto tem a previsão de encerramento para dezembro deste ano.

Abandono do tratamento pode ser resultado de falhas terapêuticas

Em seguida, as pesquisadoras Luciana Alves, do Centro de Saúde Escola, e Jaqueline Ferreira, da UFRJ, apresentaram o projeto de pesquisa "Fatores associados aos desfechos do Tratamento da Tuberculose em um Centro de Atenção Básica de Saúde: uma análise sob a ótica antropológica e epidemiológica". As pesquisadoras apresentaram alguns dados da doença no país - que é o 18º no mundo em número de novos casos. Segundo Luciana, em 2007, o Rio de Janeiro era o estado com a maior incidência da tuberculose: 71,7 casos por 100 mil habitantes. Desse universo, 57% dos pacientes conseguiram a cura e 25% abandonaram o tratamento.

Algumas das principais causas do abandono do tratamento citadas foram falhas terapêuticas ou de tratamentos anteriores, atraso no início do tratamento, efeitos adversos dos medicamentos e fatores individuais como idade e sexo. De acordo com Luciana, o abandono é um dos principais fatores associados ao desenvolvimento da tuberculose multiresistente.

Na mesma linha de discussão sobre a cura da doença, a falência e os motivos para o abandono do tratamento, o projeto terá duas metodologias de trabalho: quantitativa e qualitativa. A parte quantitativa, sob responsabilidade de Luciana, irá avaliar retrospectivamente o número de casos da doença no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2008. Esses dados serão recolhidos do Sistema de Informações e Agravo de Notificação da Secretaria Municipal de Saúde (SINAN/SMS - RJ), nos prontuários e livros de registro do Centro de Saúde Escola da ENSP, em fichas do Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab) e do IBGE. Já a parte qualitativa da pesquisa, a cargo de Jaqueline, levará em conta dois grupos de variáveis: as de nível individual - como sexo, escolaridade e local de residência - e as de nível de contexto - como o indicador socioeconômico de Gini, a taxa de analfabetismo e o Índice de Desenvolvimento Social do Instituto Pereira Passos.

A idéia é mapear a situação tanto do ponto de vista social quanto do atendimento médico. Segundo Luciana, "a tuberculose é uma doença associada à pobreza e às desigualdades sociais. Por isso, além dos fatores individuais relacionados ao desfecho, fatores externos, como as adversidades sociais, estão intimamente ligados ao abandono do tratamento". Jaqueline Ferreita, por sua vez, ressaltou que "é preciso organizar grupos com diferentes profissionais ligados ao tratamento da tuberculose para entender suas percepções sobre o assunto".

A multidisciplinaridade no tratamento da tuberculose foi a questão de fundo do debate. Apesar da diferença no objeto dos estudos, a complementaridade entre eles foi o ponto principal defendido pela mesa. Além disso, foi colocado que é preciso conhecer também qual o discurso do paciente em relação ao seu adoecer, sua cura e seu abandono. Para isso, serão realizadas entrevistas nas comunidades por duas alunas da graduação de Ciências Sociais da UFRJ. O questionário contém espaços para observações pertinentes, seja do local onde o paciente vive, seja de sua fala ou de qualquer outro indicador socioeconômico que seja de interesse à pesquisa.

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