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Fórum Social de Manguinhos debate integração da atenção à saúde na região

Cerca de 70 integrantes do Fórum Social de Manguinhos se reuniram na ENSP para a realização do seminário "Saúde em Manguinhos". Moradores de Manguinhos, profissionais de saúde e instituições com atuação na comunidade de Manguinhos, na zona norte do Rio, se reuniram com o objetivo de discutir questões que envolvem a construção do sistema local de saúde para a população da região: a Teia, Território Integrado de Atenção à Saúde.

Else Gribel, chefe do Centro de Saúde da Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), falou sobre a importância da Teia e da participação popular para a construção de políticas de saúde para esse território. Segundo ela, atualmente, o Centro de Saúde Escola conta com oito equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), que ainda seria insuficiente para atender à proposta da cobertura de 100% do território. "Para alcançar esse objetivo, é preciso aumentar o número de equipes para 15, distribuídas em quatro módulos. Manguinhos, no entanto, conta com apenas um módulo localizado no Centro de Saúde Escola. Além disso, está em curso a discussão para implantação do conselho gestor para a região de Manguinhos, que inclui a participação social", destacou.

Hugo Fagundes, em nome da coordenação programática da AP 3.1, destacou que o Fórum de Manguinhos é uma expressão "da rede que se espera", por aglutinar diferentes atores locais. Ele enfatizou a importância do maior diálogo e da organização dos serviços das áreas de educação, cultura e lazer como proposta de atendimento integral do SUS.

Em seguida, a coordenadora de inclusão social da Secretaria Municipal de Habitação, Maria Isabel, disse que, diferente do governo do estado, as ações de intervenção do PAC no município estão concentradas na Secretaria de Habitação. Ela acredita que a população deve ser protagonista. "Habitação não é apenas casa, mas inclui todo o entorno. Por isso, a efetivação das redes de serviços (educação, cultura, lazer, etc)", comentou.

Paulo, presidente da Associação de Moradores da Varginha, enfatizou que a execução das obras do PAC pelo governo do estado está concentrada na Secretaria de Obras e que o Fórum vem reivindicando uma maior aproximação de outras secretarias que participam do planejamento e da gestão das políticas públicas.

Gert Wimmer, coordenador da Estratégia Saúde da Família do município do Rio de Janeiro, acredita que os entraves burocráticos dificultam a efetivação das políticas públicas de saúde. Relata uma experiência vivida na comunidade Marcílio Dias, onde o anúncio de remoção de um quarteirão ocasionou um aumento de 50% de hipertensão dos moradores. "O mais importante é investigar a causa das causas. O agente de saúde não é um técnico de enfermagem, é um protagonista social, mas não é quem faz o diagnóstico. É preciso conhecer pelo nome quem cuida de mim e vice-versa. Não é a pessoa que tem que aderir à terapêutica, mas sim a terapêutica aderir atender às necessidades do indivíduo", disse.

Ana Mol, coordenadora da Unidade de Pronto Atendimento-Manguinhos apresentou a estrutura do local e a dinâmica de atendimento, após dois meses e meio de inauguração. "Funcionamos 24 horas em situação de emergência. Na Maré, identificamos o uso periódico pelos moradores, quando a função da UPA não é essa. O paciente procura atendimento médico laboratorial, mas não temos como oferecer isso. A prioridade é a humanização do atendimento, qualificar o acolhimento, sendo feito pelo enfermeiro". A coordenadora também ressaltou que o número de leitos de CTI e enfermaria de hospitais não é suficiente para atender os casos de pacientes transferidos das UPAs.

Em relação à necessidade de hospitais públicos de referência para o território de Manguinhos, apontada por alguns moradores, Hugo Duarte e Gertz Wimmer afirmaram não concordar com o argumento. Para ambos, o problema está na atenção básica em saúde para aquele território. "Não faz sentido pensarmos em um grande hospital de referência para a região, e a atenção básica não melhorar... o problema não está aí", afirmou Hugo.

Para Wimmer, "não é preciso de um hospital de referência para esta área, mas sim qualificar a entrada porque existem muitos leitos ociosos. Precisamos rechear os hospitais e reforçar a atenção básica. Faz-se necessário criarmos mais clínicas de especialidade e filtrar o que vai para o hospital. Hoje o serviço está mal organizado por falta de atenção básica e média complexidade", argumentou Wimmer.

Else Gribel, chefe do Centro de Saúde Escola da ENSP, sintetizou o encontro ressaltando a importância do amplo debate propiciado pelo Fórum Social de Manguinhos. "Precisamos nos reunir mais vezes com a equipe da Secretaria Municipal de Saúde e com a comunidade para evitar o desencontro de informações e melhorar o planejamento e as condições da população", concluiu.

*com reportagem de Leonardo Brasil Bueno, Michelle Oliveira, Rosane Marques (Escritório Técnico - Multiprofissional/Manguinhos/ENSP)

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