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Especialistas discutem múltiplas dimensões da gestão do cuidado

O último dia do V Ciclo de Debates Conversando sobre a Estratégia de Saúde da Família debateu o tema 'Gestão do cuidado em saúde: questões contemporâneas'. Na ocasião, também foi realizada a formatura do Curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família - Turma 2007. O conferencista Luiz Carlos de Oliveira Cecílio, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo, apresentou as diferentes dimensões da gestão do cuidado e apontou a importância de um sistema de cartografia para intervenções em serviços de saúde.

Segundo Luiz Carlos Cecílio, a gestão do cuidado em saúde é o provimento ou a disponibilização das tecnologias de saúde de acordo com as necessidades singulares de cada pessoa em diferentes momentos de sua vida, visando seu bem-estar, segurança e autonomia para seguir com uma vida produtiva e feliz. Além disso, o pesquisador ressaltou que a gestão do cuidado se realiza em múltiplas dimensões interdependentes, que operam com lógicas diferentes e dependentes da ação ou do protagonismo de múltiplos atores.

Para o pesquisador, existem várias dimensões da gestão do cuidado ou do cuidado em saúde, dentre elas estão as dimensões pessoais, familiares, profissionais, organizacionais e sistêmicas. Em cada dimensão, existem atores ou protagonistas e elementos principais, que são a lógica da dimensão. "As dimensões dependem uma das outras; portanto, se fizéssemos uma cartografia teríamos a dimensão individual no centro, seguida das dimensões familiares, profissionais, organizacionais e sistêmicas, respectivamente, e essas dimensões seriam cortadas por um eixo central das necessidades em saúde."

Além do eixo central das necessidades em saúde, existem ainda o eixo da institucionalização das práticas de saúde, teoria e análise institucional e o eixo das políticas de saúde: financiamento, regimes jurídicos e política de pessoal. O pesquisador revelou que a cartografia das necessidades em saúde é uma atividade exploratória e depende de necessidades como boa condição de vida, acesso a todas as tecnologias de saúde, vínculo e autonomia no modo de andar a vida.

Cecílio concluiu sua apresentação trazendo três questões fundamentais para a gestão do cuidado em saúde. "Seria possível processos analíticos junto às equipes da Saúde da Família a partir da utilização das cartografias? Como seria a utilização das cartografias? O que as cartografias nos revelariam?", indagou.

Em seguida, a debatedora Marilene de Sá Castilho, pesquisadora do Departamento de Administração e Pesquisa em Saúde (Daps/ENSP/Fiocruz), falou da importância do tema fragilidade da vida como fonte para a gestão do cuidado. "Não há possibilidade de cuidarmos de nós e dos outros se não tivermos capacidade de cuidar da nossa insuficiência e fragilidade", enfatizou.

De acordo com a pesquisadora, outro ponto a ser abordado na gestão do cuidado é que a cartografia é fundamental para os gestores, já que por meio dela podem ser descobertas áreas que necessitam de atenção. "Através da cartografia, é possível identificar o sentido das práticas de saúde para o trabalhador, para os gestores e para os pacientes", conclui.

Por fim, a coordenadora do debate, Margareth Rose Garcia, pesquisadora do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz), ressaltou para a turma de residentes formandos que estavam presentes que existem as demandas do tempo e do olhar. "O tempo não pode parar. O olhar passa por três fases, a do encantamento, a do estranhamento e a naturalização. O importante é saber que encontrar com o outro é muito difícil, mas a vida sem esse encontro vira uma rotina sem graça", disse. O debate foi aberto ao público, que pôde fazer perguntas aos pesquisadores.

O V Ciclo de Debates Conversando sobre a Estratégia de Saúde da Família foi encerrado com a formatura dos alunos do Curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família - Turma 2007. A mesa foi composta com representantes da direção da ENSP, da Vice-Direção da Escola de Governo em Saúde, da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde e Defesa Civil, entre outros. Maria Alice Peçanha, coordenadora do curso, destacou que erros e acertos são passíveis daqueles que experimentam. "Aqui, buscamos trabalhar um processo diferenciado para a Atenção Básica no Rio de Janeiro. Essas pessoas estão sendo formadas com esta perspectiva", completou.

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