Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Notícias

Notícias

Profissionais de saúde devem estar preparados para lidar com usuários de drogas

"Precisamos desenvolver políticas de saúde que englobem toda a população brasileira. Muitos têm problemas com drogas, mas não são dependentes químicos", analisou o coordenador do Programa de Estudos e Assistência ao Uso Indevido de Drogas (Ipub) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Santos Cruz, na quarta sessão do V Ciclo de Debates Conversando sobre a Estratégia de Saúde da Família, na ENSP. O debatedor da mesa 'Política de redução de danos no uso de drogas: qual a contribuição da ESF na rede de cuidado' foi o pesquisador Francisco Inácio Bastos (ICICT/Fiocruz), coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP. A mesa foi mediada pela pesquisadora Margareth Garcia, do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da ENSP. As apresentações das palestras estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.

O coordenador do Ipub apresentou dados de pesquisas realizadas em cidades brasileiras nos anos de 2001 e 2005 sobre o uso de álcool e outras drogas. Os dados mostram que 74,6% dos brasileiros já usaram álcool pelo menos uma vez na vida. A mesma pesquisa revelou a porcentagem de dependentes em diversos tipos de drogas. "Em 2005, mais de 12% dos dependentes de drogas eram viciados em álcool, 10,1 em tabaco e 1,2% em maconha. Por isso é muito importante que os profissionais de saúde estejam preparados. Inevitavelmente, teremos que lidar com essas pessoas", apontou ele.

De acordo com Marcelo, os profissionais de saúde não são preparados para identificar precocemente problemas com dependência de drogas. "É preciso reverter essa situação, pois pesquisas mostram que 12% da população brasileira preenche critérios para a dependência do álcool. Além disso, dados da Organização Mundial de Saúde mostram que os gastos hospitalares com problemas de saúde provocados pelo uso de álcool ultrapassam a arrecadação com impostos sobre o próprio produto", disse Marcelo.

Redução de danos: política adotada pelo Ministério da Saúde

A Redução de Danos é uma política adotada pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Nacional Antidrogas e trabalha com a estratégia de prevenção e de tratamento. Ela foi criada na década de 1970, mas veio para o Brasil somente em 1992. Essa estratégia se contrapõe ao modelo da exigência da abstinência do dependente durante o tratamento e tem se mostrado eficiente contra o uso de álcool, nicotina e heroína. Marcelo apontou que a estratégia de redução de danos trata a abstinência como uma meta e não como uma exigência.

"Essa estratégia não julga, não pune e, principalmente, não exclui o paciente da sociedade, por isso as barreiras da adesão diminuem, ampliando, assim, o universo de pacientes atendidos. A ideia é não ter uma atitude repreensiva, e sim trazer o usuário para uma reflexão sobre os prejuízos do uso de drogas em sua vida. Isso normalmente provoca modificações no comportamento. É fundamental que o profissional de saúde saiba abordar o paciente, mesmo não estando em serviço voltado para o tratamento de drogas", explicou ele, dizendo ainda que, desde a adoção dessa estratégia, a contaminação pelo vírus do HIV/Aids tem diminuído de maneira significativa nos últimos anos.

voltar voltar

pesquisa

Calendário

Nenhum agendamento para hoje

ver todos