Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Informação e prevenção: armas contra câncer de pele e hanseníase

O câncer de pele e a hanseníase são duas doenças muito comuns entre a população brasileira. Elas têm preocupado especialistas e, ao longo dos anos, vêm ganhando atenção especial desses profissionais. Há dez anos, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza a Campanha Nacional contra o Câncer de Pele e, por mais um ano, a ENSP abraça essa causa e inclui a luta pelo controle da hanseníase na mesma Campanha. Várias atividades serão realizadas junto a outras unidades da Fiocruz, em especial o Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, a previsão para 2008 é de cerca de 115 mil diagnósticos de câncer de pele no país. Além disso, 80% dos casos de hanseníase na América Latina estão concentrados no Brasil. Confira informações sobre a Campanha Nacional, que será realizada no dia 8/11, também no campus da Fiocruz, na entrevista concedida pelos médicos dermatologistas Ziadir Francisco Coutinho, do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da ENSP, e José Augusto Nery, chefe do Ambulatório Souza Araújo (Asa/IOC).

Informe ENSP: Qual o principal objetivo da Campanha Nacional contra o Câncer de Pele e por que a Fiocruz inclui a hanseníase nessa luta?

Ziadir Coutinho:
O grande objetivo dessa campanha é sensibilizar e educar a população sobre os perigos da exposição excessiva ao sol. Lutamos contra um hábito, uma cultura, já que, no Brasil, a moda é ser bronzeado. Com isso, as pessoas se expõem nos horários que a radiação ultravioleta está mais forte. A exposição excessiva ao sol e a falta de proteção adequada aumentam os risco de se desenvolver câncer de pele. Além disso, esse mau hábito brasileiro também causa o envelhecimento precoce da pele. A cada ano, os números vêm aumentando e isso preocupa os profissionais. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que a previsão para o ano de 2008 é de cerca de 115 mil diagnósticos de câncer de pele no país.

José Augusto Nery: A união do combate à hanseníase a essa campanha começou há dois anos e partiu de uma idéia do Ziadir. Seu objetivo é o mesmo do câncer de pele, sensibilizar pacientes e profissionais da área. A hanseníase é uma doença endêmica no Brasil. Ao todo, surgem 50 mil novos casos por ano, e somente no Rio de Janeiro, estado de grande infestação, são cerca de três mil e quinhentos novos casos da doença. A hanseníase é uma doença prima-irmã da tuberculose. Elas seguem o mesmo padrão epidemiológico, acometendo principalmente grupos menos favorecidos, como pessoas de baixa renda e baixa qualidade de vida. Mas isso não significa que ela não apareça entre as pessoas de classes sociais mais altas. A hanseníase, ou lepra, ainda é uma doença muito estigmatizada apesar de ser completamente curável. O que queremos com essa campanha é dar visibilidade aos seus sinais e sintomas, pois encontramos muitos profissionais que têm dificuldade de diagnosticá-la.


Informe ENSP: Quais são as principais formas de apresentação e de prevenção dessas doenças?

Ziadir Coutinho:
O câncer de pele aparece na forma de pintas e manchas que mudam de cor, textura ou tamanho. Por isso, as pessoas devem realizar o auto-exame regularmente para identificar sinais precoces de tumores e observar pintas e manchas suspeitas. Além disso, é sempre bom lembrar que, seguindo algumas dicas, toda população pode se proteger e evitar o câncer. Mesmo nos dias nublados ou chuvosos, a Terra recebe radiações ultravioletas e devemos nos proteger. Isso justifica o uso diário do protetor solar. Na praia, o perigo aumenta porque a areia reflete 100% dos raios incidentes.

Algumas outras dicas são: proteger-se dos raios solares usando bonés e roupas; passar o protetor solar meia hora antes de se expor ao sol e, quando estiver na praia, passar o protetor de duas em duas horas. No caso de pessoas mais claras, o ideal é permanecer debaixo da barraca. A melhor forma de prevenir é se proteger. Vale lembrar que o efeito da radiação ultravioleta é cumulativo. Com isso, as alterações da pele podem se manifestar muitos anos depois.

José Augusto Nery: A hanseníase é transmitida pelo ar e sua contaminação se dá por meio das vias respiratórias. Portanto, a melhor forma de prevenção é a informação. Sensível aos sinais e sintomas e com informações adequadas, um especialista é capaz de fazer um diagnóstico rápido e, conseqüentemente, iniciar de imediato o tratamento com o paciente. Somente isso pode controlar a disseminação da doença no país. O Ambulatório Souza Araújo (Asa/IOC) é um centro de referência no tratamento da hanseníase. Ele é formado por uma equipe de profissionais altamente qualificados e está preparado para receber moradores de toda a cidade do Rio de Janeiro.

O Brasil apresenta a segunda maior taxa de detecção da doença em todo o mundo, perdendo somente para a Índia. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a taxa de detecção máxima da hanseníase deve ser de um para cada 100 mil habitantes, mas nosso país apresenta um número quatro vezes maior que o determinado. Somos o primeiro no ranking da América Latina, concentrando 80% dos casos. O maior problema da hanseníase é que, normalmente, pela falta de informação e de sensibilidade do profissional, essa doença demora a ser detectada. E, enquanto isso, a pessoa contaminada continua disseminando a doença.

A principal característica da hanseníase são manchas brancas ou avermelhadas, que apresentam alterações de cor e de sensibilidade. Além disso, a sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades do corpo, como mãos, pés e cotovelos também não alguns sintomas.

Informe ENSP: Existem diferentes tipos de câncer de pele e de hanseníase. Quais são os mais perigosos?

Ziadir Coutinho:
Ao todo, temos três tipos de câncer de pele: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. O melanoma é o câncer que causa metástase. Ele representa cerca de 4% ou seis mil casos anuais do total de cânceres de pele, tem uma rápida evolução, mas, se identificado precocemente, pode ser tratado. Os outros dois tipos também são perigosos, porém sua ação é menos severa no organismo. O carcinoma basocelular representa quase 75% dos casos, e o espinocelular cerca de 25%.

José Augusto Nery: A hanseníase apresenta dois tipos de infecção: paucibacilar e multibacilar. O paucibacilar é o doente que apenas carrega a doença, seus sinais e sintomas, mas não tem a capacidade de transmiti-la. Já o paciente multibacilar, além de apresentar todos os sinais e sintomas, é capaz de disseminar a doença. A hanseníase é transmitida pelas vias respiratórias, mas a maioria das pessoas apresenta uma resistência natural à bactéria e, por causa disso, não adoecem. O tratamento da hanseníase é oferecido gratuitamente em todos os postos de saúde do país. Seu tratamento é feito com um coquetel de medicamentos, composto de três tipos de antibióticos e é chamado de poliquimioterapia (PQT). O tempo do tratamento varia de acordo com o tipo de infecção do paciente, podendo durar de 6 a 24 meses.

Informe ENSP: Quais ações serão realizadas no dia 8 de novembro, dia oficial da Campanha Nacional do Câncer de Pele e da hanseníase?

Ziadir Coutinho:
Nesse dia, a Fiocruz se tornará um pólo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que é a grande responsável pela campanha nacional. A SBD mobilizará cerca de três mil dermatologistas cadastrados para gratuitamente prestarem atendimento e tratamento aos casos de câncer detectados em todo o país. Como nos outros anos, dentro da Fiocruz, o ponto de atendimento da Campanha será o Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) e, além da participação do Centro de Saúde da ENSP e do Ambulatório Souza Araújo do IOC, também contamos com a colaboração do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB). Dentro do campus de Manguinhos, serão mobilizados cerca de 50 profissionais, que atuarão em uma estrutura apta para realizar 40 biópsias.

Nos casos em que a biópsia não for suficiente para retirar a lesão integralmente devido ao seu tamanho ou a situação, o paciente será encaminhado para o HGB, que é um centro especializado, uma referência em câncer de pele. Os casos de hanseníase identificados serão encaminhados diretamente para o Asa/IOC. Há dez anos, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele com o objetivo de diminuir, a longo prazo, os números alarmantes de casos dessa doença na população brasileira. O evento acontecerá das 9h às 15 horas.

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