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Câncer de pele e hanseníase: chegada do verão mobiliza profissionais de saúde

Com a chegada do verão, começam também as preocupações com doenças comuns à alta estação. Especialmente preocupada com a excessiva exposição ao sol, há dez anos, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza uma campanha nacional contra o câncer de pele e, por mais um ano, a ENSP também abraça a causa participando da campanha e desenvolvendo atividades voltadas para o tema. Como ação ligada à campanha nacional, a ENSP realizará, no dia 29/10, a palestra 'Câncer de pele e hanseníase - para comunidade de Manguinhos'. O evento acontecerá às 13h, no auditório da Escola Politecnica de Saúde Joaquim Venancio (EPSJV/Fiocruz) e é aberto a todos os interessados.

O objetivo do encontro é sensibilizar a população das comunidades de Manguinhos, em especial os idosos assistidos pela Fiocruz e os funcionários das diversas unidades da Fundação, sobre os riscos à saúde que se potencializam nessa estação. A palestra está agregada ao encontro semanal do Programa de Saúde do Idoso do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da ENSP (Pasi/CSEGSF) e será ministrada pelos dermatologistas Ziadir Francisco Coutinho, do Centro de Saúde Escola, e José Augusto Nery, chefe do ambulatório Souza Araújo do Instituto Oswaldo Cruz (Asa/IOC/Fiocruz).

Mesmo ainda não estando no verão - estação que inicia oficialmente em 21 de dezembro -, os dias mais longos que as noites e as altas temperaturas já preocupam os especialistas. Segundo Ziadir Coutinho, faz parte da cultura do brasileiro se expor ao sol. "A moda é ter a pele bronzeada e isso nos preocupa. Esse é um dos motivos que faz profissionais da área começarem a se mobilizar, cada vez mais cedo, para a prevenção das chamadas doenças do verão", disse ele. Além do câncer de pele, a Fiocruz também dá atenção especial à hanseníase, uma doença silenciosa e cada vez mais incidente no Brasil, principalmente em áreas de maior concentração populacional. Durante a palestra, idosos e outros participantes aprenderão a fazer o auto-exame. O objetivo é torná-los mais atentos a alterações na pele e capazes de identificar manchas ou lesão suspeitas.

Segundo Ziadir, o câncer de pele é o mais freqüente do Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que a previsão para 2008 é de 450 mil casos totais de cânceres em todo o país. Cerca de 25% desse número é de casos de câncer de pele, dividido em três tipos de câncer: o carcinoma basocelular, com quase 74% dos casos; o carcinoma espinocelular ou epidermóides, com 23% de incidência; e o melanoma, que representa 4% dos casos. "O melanoma é o câncer mais preocupante. Causa metástase, tem uma evolução rápida e leva ao óbito. Quanto mais cedo for diagnosticado e tratado, mais chances o paciente tem de se curar. O diagnóstico precoce permite a cura de até 95% dos casos de câncer de pele. Por isso, as pessoas devem ficar atentas a qualquer alteração em seu corpo", apontou Ziadir.

Uso de protetor solar também é necessário em dias nublados e chuvosos

A Campanha lembra que, seguindo algumas dicas, a população pode se proteger e evitar o susto com o aparecimento de um câncer. "Nem todas as pessoas sabem que, mesmo nos dias nublados ou chuvosos, devemos nos proteger, pois basta o sol estar virado para a Terra que ele emite radiações ultravioletas. Na praia, o perigo aumenta porque a areia reflete 100% dos raios incidentes. Por isso, o uso diário do protetor solar se faz necessário. Outras dicas são: usar bonés e roupas para se proteger dos raios solares; passar o protetor solar meia hora antes de se expor ao sol e, quando estiver na praia, passar o protetor de duas em duas horas. No caso das pessoas mais claras, na praia, o ideal é permanecer debaixo da barraca", apontou ele.

Além disso, as pessoas devem examinar a própria pele regularmente para reconhecer os sinais precoces de tumores e observar pintas e manchas que mudam de cor ou tamanho, pois podem ser suspeitas. Ziadir aconselhou que as pessoas não comprem protetor solar no camelô pelo risco de terem a sua composição química alterada. "Na maioria das vezes, os produtos são mais baratos, porém são 'piratas' e, além de não proteger a pele, podem causar outros problemas, como a alergia.

Já a hanseníase, explicou José Augusto, é uma doença que tem crescido espantosamente em todo o país e sua incidência é vista, principalmente, entre as crianças e jovens de até 15 anos. Essa doença, que atinge sobretudo as camadas mais pobres da população, tem um tratamento demorado, mas é completamente curável. "O maior problema no país ainda é o preconceito e a ignorância. A ignorância carrega também um estigma muito forte e algumas vezes é ocultada. Isso atrapalha o tratamento do doente e prejudica o controle da endemia", disse ele.

ENSP faz capacitação com profissionais que atendem a população

No início de outubro, a ENSP realizou uma capacitação sobre hanseníase e câncer de pele com os profissionais de saúde que trabalham no atendimento à população, em especial os moradores das comunidades localizadas no entorno do campus da Fiocruz. A palestra 'Câncer de pele e hanseníase - para profissionais de saúde' teve como objetivo sensibilizar esses profissionais sobre esse tema. "Com a capacitação, eles revêem alguns pontos e ficam mais atentos às lesões", comentou Ziadir.

A Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Peleé realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e acontece há dez anos. Essa campanha é fruto do Programa Nacional de Controle do Câncer da Pele (PNCCP), que realiza ações diferenciadas com o objetivo de diminuir, a longo prazo, os números alarmantes de casos de câncer de pele entre a população brasileira. A principal ação do PNCCP é a Campanha Nacional, que acontece anualmente, em todo o país.

Campanha de 2008 começa no dia 8 de novembro

A próxima edição da Campanha será realizada no dia 8 de novembro e terá a participação de cerca de três mil dermatologistas cadastrados pela SBD. Eles se mobilizarão para, gratuitamente, prestar atendimento e tratamento dos casos de câncer detectados em todo o país. Como nos outros anos, dentro da Fiocruz, o ponto central de atendimento da Campanha será o Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), que montará uma estrutura com cerca de 50 profissionais e estará apto para realizar 40 biópsias.

"Nos casos em que a biópsia não for suficiente para retirar a lesão integralmente, devido ao seu tamanho ou a situação, os casos serão encaminhados para o Hospital Geral de Bonsucesso, que é um centro especializado, uma referência em câncer de pele. Os casos de hanseníase que forem identificados serão encaminhados diretamente para o Ambulatório Souza Araújo (Asa/IOC/Fiocruz). Eles também são um centro de referência no tratamento dessa doença. O Asa atende, principalmente, os casos de hanseníase das 15 comunidades do entorno da Fiocruz", explicou Ziadir.

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