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Livro das Famílias compartilha experiências sobre educação e violência

Palmada educa filho? De acordo com a pediatra do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), conselheira dos direitos infanto-juvenis e coordenadora de campanhas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rachel Niskier, a palmada não educa. Assim, com o objetivo de auxiliar pais e responsáveis nessa difícil tarefa, produziu o "Livro das Famílias - Conversando sobre a vida e sobre os filhos". A publicação, fruto de um antigo sonho da pediatra, foi desenvolvida por um grupo de profissionais do Centro Latino-Americano de Estudos e Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves/ENSP) e viabilizada por meio de um convênio entre o Ministério da Saúde e a SBP.

Há alguns anos, Rachel, que possui quase três décadas de experiência na luta contra a violência infantil, alimentava o desejo de elaborar um projeto que pudesse trazer essa questão tão recorrente à tona, e possibilitar o debate e a reflexão sobre a violência com os profissionais e as famílias. "Este livro foi feito especialmente para as famílias. É dirigido aos pais, às mães e aos responsáveis pelas crianças", comentou a médica. O projeto foi desenvolvido com a metodologia de grupo focal - grupo de discussão informal que tem como propósito obter informações de caráter qualitativo. As famílias participantes foram selecionadas pelo Claves. "Eles ouviram as histórias, selecionaram e editaram todo o material. Depois construíram o livro com base nas falas dos próprios entrevistados. Essa metodologia permite uma maior aproximação entre os textos e o seu público alvo. O livro é um espelho da realidade, do cotidiano dessas pessoas que passam por esses problemas dentro de suas casas", explicou.

Depois de pronto, a pediatra realizou uma experiência piloto com os pacientes do IFF. Durante esse período, foi testada e analisada a funcionalidade do livro e a reação das pessoas ao lerem os textos. Segundo Rachel, esse piloto teve a intenção de averiguar as formas, a adequação e a aceitação do livro com o público. "O resultado foi maravilhoso. Conversamos com pais e mães que estavam na sala de espera de atendimento do IFF. Conversávamos com essas pessoas e líamos pequenos trechos do livro. A resposta obtida era sempre a emoção. Elas se identificavam com as histórias que esbarram na sua realidade", comentou Rachel, que agradeceu o belo trabalho desenvolvido pelo Claves/ENSP. "Vale lembrar que a nossa intenção nunca foi a de ensinar, e sim trocar experiências com outros profissionais. Queremos contribuir", destacou ela.

Entre os capítulos do livro, encontramos temas como: 'A dificuldade de ser mãe e pai'; 'Lidando com a violência psicológica'; 'Superando a violência física'; 'E se você precisar de ajuda?'; entre outros. De acordo com a médica, os temas são resultado da experiência do trabalho diário realizado com crianças e adolescentes, que é desenvolvido pelos profissionais do IFF e também do Claves/ENSP. "Para nós, esses temas são recorrentes, fazem parte da nossa prática diária. Em nosso dia-a-dia, também aprendemos que os maus-tratos físicos, psicológicos, sexuais e a negligência, infelizmente, estão presentes na vida das famílias brasileiras. Com esta publicação, pretendemos, pelo menos, minimizar essas características", disse ela, confiante.

Para Rachel, o principal objetivo do livro é mostrar que as pessoas se enganam achando que bater em criança é uma forma de educar. Ela foi enfática ao dizer que "ninguém educa agredindo e violentando. Palmada não educa. E, a partir do momento que levantamos essa discussão, estamos colaborando para um caminho diferente, para a diminuição dos casos". O Livro das Famílias foi publicado em 2005, com uma tiragem de 87 mil exemplares. Sua distribuição é gratuita. É feita por profissionais da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Claves/ENSP de forma pontual, em atendimentos realizados nas instituições. O livro foi lançado em um importante fórum de pediatria, realizado na região sudeste do país, em que estavam reunidos diversos profissionais da área.

Foto da criança: Blog em defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes

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