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Acolhimento, empatia e respeito: qualidades do profissional que atende dependentes químicos

"Acolhimento, empatia e respeito devem ser as palavras de ordem de todo profissional que trabalha na atenção básica, especialmente com dependentes químicos", afirmou o médico do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP) e assessor da Vice-Presidência de Serviços de Referência e Ambiente da Fiocruz, Antônio Sérgio Fonseca, na sessão técnico-científica 'Drogadição na clínica médica da Atenção Básica de Saúde'. O médico também mostrou estatísticas brasileiras que apontam a dependência por algum tipo de droga em uma fatia de 5% da população adulta. Além de Antônio Sérgio, participaram da mesa a psicóloga Lucília de Almeida Elias, como palestrante, e Julio Bandeira de Melo, como moderador do debate. O aúdio e a apresentação da palestra já estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.

De acordo com Antônio Sérgio, a atenção básica não é apenas uma área de cuidado da saúde. "Esse é um paradigma que tentamos suplantar a todo momento. A atenção básica é a porta de entrada para o sistema nacional de saúde e exerce função primordial na aderência e continuidade ao tratamento e acompanhamento da população. A organização, promoção e prevenção da saúde são os principais pontos da atenção básica", disse ele.

"O tratamento dos dependentes químicos deve levar em consideração as questões culturais de cada indivíduo e o lugar que a droga ocupa na vida dessas pessoas", comentou Antônio Sérgio. Outro dado mostra que 32% dos leitos de hospitais são ocupados em decorrência do consumo abusivo do álcool. "Um problema também encontrado no Centro de Saúde é a alta prevalência e o baixo registro de consumo de álcool. Temos que estudar o histórico do paciente e descobrir se as doenças estão relacionadas ao uso de drogas", apontou ele.

As drogas mais comuns usadas pela sociedade são álcool, morfina, nicotina, anfetamina, cafeína, tranqüilizantes e maconha. Essas drogas causam efeitos depressores, estimulantes e alucinógenos nos usuários. "Depois do álcool e da nicotina, os benzodiazepínicos ou calmantes são as drogas que mais causam dependência. Cerca de 50 milhões de pessoas usam esse tipo de droga diariamente. A sua porcentagem de dependentes é maior do que o número de usuários de drogas ilícitas", comentou Antônio Sérgio. Ele comentou ainda que pesquisas mostram que 50% dos usuários desse tipo de droga gostaria de interromper o uso e que 30% pensam que o uso é estimulado pelos médicos. "Por isso, devemos a todo o tempo rever os nossos conceitos e práticas profissionais", completou ele.

Lucília falou sobre as contribuições da saúde mental na abordagem e no tratamento dos usuários e dependentes de drogas. "Devemos sempre pensar novas formas de tratamento e manter um diálogo com as outras áreas da saúde. A troca e a multidisciplinaridade são fundamentais para essas pessoas", apontou a psicóloga. "Não devemos viver com conceitos pré-estabelecidos no tratamentos de dependentes de drogas", comentou. Outro ponto importante em qualquer tipo de tratamento é a atenção ao paciente. "Saber ouvir, prestar atenção ao paciente e individualizar o tratamento são essenciais para o diagnóstico e, conseqüentemente, para a aderência ao tratamento e a cura do paciente", completou ela.


No final do evento, os antigos funcionários do Núcleo de Dependência Química (Nudeq/CSEGSF/ENSP) foram homenageados pelo trabalho realizado com essa população por cerca de 20 anos. Else Gribel, chefe do Centro de Saúde Escola, agradeceu o empenho e a dedicação dessas pessoas e afirmou que eles merecem todo o agradecimento e reconhecimento pela valiosa contribuição. De acordo com Antônio Sérgio, eles sempre foram mais que profissionais e colegas de trabalho. "Esses homens foram amigos e trabalharam incansavelmente aqui no Centro de Saúde Escola", disse ele. Os certificados de agradecimento foram entregues a Altamiro de Souza, José Lisboa Moreira, Paulo Machado Cariús, Joaquim Cyrillo e Pedro Rodrigues (in memorium).

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