Apesar de ter aspectos positivos, pode levar à perda de autoridade e desprofissionalização da medicina
O uso da internet pelos pacientes é um caminho sem volta e, apesar de ter aspectos positivos, pode levar à perda de autoridade e desprofissionalização da medicina. Um estudo de revisão bibliográfica sobre o assunto, que está sendo pesquisado pela doutoranda da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Helena Garbin, mostra que as opiniões sobre o assunto são antagônicas.
Ela analisou 15 trabalhos, que envolveram 33 autores de 18 universidades. Todos os artigos analisavam quais as consequências que o fenômeno do paciente "expert" pode ter sobre a profissão
médica e a medicina tradicional. Há pelo menos três posições bem definidas sobre o tema.
Autores mais radicais entendem que a aquisição de
informações sobre saúde pelo paciente, via internet, abala o status e a autoridade do médico. Outros argumentam o oposto, que a disseminação pela rede das pesquisas e de novos tratamentos acaba fortalecendo ainda mais a prática médica, já que os pacientes vão em busca de profissionais mais atualizados. Um terceiro grupo de artigos fica num nível intermediário, ora preservando, ora condenando o médico.
O presidente da Associação Médica Brasileira, José Gomes do Amaral, considera positiva a busca de informações sobre saúde e doença na internet. Mas ressalta que muitas fontes na rede não são confiáveis e o paciente não tem capacidade para fazer essa avaliação.
"Na internet o que existe são informações. O que o médico faz ao longo de sua formação é aprender a usá-la, daí é que reside a complexidade da formação médica", disse Amaral. Por isso, como a medicina avança numa velocidade cada vez maior e as informações acessíveis a todos se multiplicam, a consulta com um médico continua sendo imprescindível.
"No momento de discernir o que é mais
importante e colocar peso nas novidades que surgem está a função do médico", afirmou.
A autora do estudo, Helena Garbin, aponta aspectos positivos e negativos do uso da internet. Ela acredita que, no Brasil, esse fenômeno ainda vá crescer muito, porque apenas 16% dos lares brasileiros, segundo o IBGE, possuem internet.
Fonte: Agência do Estado