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Rio, 29/03/2024

ENTREVISTA

Entrevista - Antenor Amâncio Filho

29/05/2012

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Como vê o Mestrado Profissional e quais as perspectivas de sua continuidade, isto é, a realização de novos cursos?

Antenor Amâncio - O objetivo do Mestrado Profissional é formar profissionais comprometidos com novos conceitos e práticas, com processos dinâmicos de transformação institucional e de inovação gerencial, para atuarem como indutores de mudanças nas instituições em que trabalham. O Mestrado é, portanto, uma estratégia educacional que visa o crescimento intelectual e profissional do trabalhador da saúde. Tem como pressuposto que o processo de aprendizagem se assenta em uma relação mais estreita entre os conteúdos do curso e os requerimentos do mundo do trabalho. No desenvolver do Mestrado, leva-se em conta a experiência de vida, as aptidões e as características individuais do aluno, assim como as exigências que lhe são colocadas no cumprimento de suas obrigações profissionais e sociais. Tem-se, como essencial, que os alunos conheçam não somente o contexto em que exercem as atividades profissionais como, em especial, o papel a ser cumprido, no Sistema Único de Saúde, pelas instituições às quais estão vinculados. No tocante à realização de novos cursos de Mestrado Profissional, por ocasião de uma Oficina de Trabalho realizada em 23 de novembro de 2011, na Escola Naciional de Saúde Pública Sergio Arouca, com a participação de alunos, orientadore e professores do curso ainda em andamento, a Professora Ana Paula Cerca, Coordenadora Geral da Gestão do Trabalho em Saúde, da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde afirmou estar em negociação entre o Ministério e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), um acordo que garantiria recursos para a realização de dois novos cursos, um na ENSP e outro descentralizado, em parceria com uma instituição federal de ensino superior. No momento, aguardamos um pronunciamento do Ministério a respeito do assunto.

Qual o cronograma das defesas das Dissertações dos alunos da turma 2010/2012 do Mestrado Profissional?


Antenor Amâncio - A duração do Mestrado é de 24 meses, o que significa que os alunos precisam defender as suas Dissertações até o mês de maio próximo, impreterivelmente. Dos vinte alunos matriculados no curso, dois defenderam em dezembro de 2011 e o previsto é que os demais façam a defesa nos próximos dois meses
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E sobre o livro “Gestão, trabalho e educação na saúde”, que você é um dos Organizadores?

Antenor Amâncio - Em setembro de 2009, organizamos (eu e o Professor Sérgio Pacheco) um livro intitulado “Mestrado Profissional em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde: ação e reflexões”, reunindo os resumos das propostas das Dissertações que estavam sendo desenvolvidos pelos alunos do Mestrado Profissional – Turma 2008/2009, que concluíram o curso em dezembro de 2009. No momento estamos organizando um segundo livro (“Gestão, trabalho e educação na saúde”), cujos Capítulos têm como referência o conteúdo das Dissertações defendidas pelos alunos da citada turma. É uma iniciativa pioneira na ENSP, pois esse tipo de publicação, reunindo a produção acadêmica de alunos da pós graduação, é algo inédito na instituição. Quero também dizer que está previsto um segundo livro nessa mesma linha, com textos dos alunos da turma 2010/2012.

O Mestrado Profissional pretende ter, como “produto”, uma proposta de intervençao na instituição de origem do aluno. Isso tem sido alcançado?. Os profissionais formados (Mestres) tem conseguido aplicar os conhecimentos adquiridos no curso?

Antenor Amâncio - Encontra-se em andamento um estudo para verificar, in loco, em que grau os alunos formados em 2009 conseguiram (ou estão conseguindo, ou não conseguiram), implementar as medidas de intervenção que formularam no Mestrado Profissional. O objetivo é, justamente, verificar a factibilidade da aplicação dessas medidas, considerando as condições técnicas, administrativas, pedagógicas, financeiras e, em especial, político-partidárias apresentadsa pelas instituições de origem dos profissionais formados. De posse dessas informações, será possível conhecer e analisar as dificuldades e facilidades apontadas pelos egressos para a implantação de seus projetos, análise essa que auxiliará à Coordenação do Curso na formulação dos conteúdos curriculares a serem apresentados, debatidos e cumpridos pelos alunos das novas turmas do Mestrado. Os resultados do estudo contribuirão, também, para subsidiar as ações necessárias para consecução das propostas de intervenção, visando a melhoria dos serviços de saúde ofertados à população. E sua expectativa em relação à situação, hoje, dos recursoa humanos da saúde? Antenor Amancio - O Sistema Único de Saúde possui pouco mais de vinte anos de existência, um tempo ainda pequeno para mudar formas de agir arraigadas e vencer resistências vindas de forças políticas e econômicas contrárias a uma nova maneira de pensar o fenômeno saúde-doença, de pensar um modelo de sociedade diferente do atual. Em que pese o grande esforço que vem sendo realizado nas últimas décadas para formar e capacitar os profissionais da saúde, entendo que é preciso um olhar muito sério e uma ação muito forte, desde o ensino fundamental, envolvendo professores e alunos, de modo a incluir, no processo de aprendizagem, o mais precocemente possível, questões relacionadas às políticas públicas, à educação, à saúde, às condições e qualidade de vida, fazendo um ensinos mais eficiente, crítico e consequente. No ensino fundamental, no ensino médio, no ensino técnico e, mesmo, na graduação, é importante abordar questões de saúde como vida, de modo a internalizar o conceito de saúde e desinternalizar o de doença. Essa mudança fica cada vez mais difícil, na medida em que acumulamos anos de vida, de escolaridade, de vivência prática, fortalecendo-nos, lamentavelmente, na resistência à mudança.


 
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